Quarta-feira, 3 de abril de 2024 - 16h46
Deflagrada conjuntamente pelo Ministério Público de
Rondônia (MPRO) e Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE/RO), a Operação
Fraus teve duas prisões preventivas decretadas pelo Judiciário em razão de
supostos episódios de assédio, hostilidade e até ameaças às vítimas. A ação,
realizada nesta quarta-feira (3/4), buscou desarticular possível esquema da
prática popularmente conhecida como rachadinha no gabinete de um auditor
substituto de conselheiro da Corte. Mais de R$ 9 milhões, referentes a dezenas
de imóveis, veículos e valores, foram indisponibilizados pela Justiça.
Os trabalhos, realizados na capital e em Rio Branco
(AC), tiveram os detalhes divulgados na manhã desta quarta, em entrevista
coletiva concedida pelo Coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao
Crime Organizado (GAECO), Promotor de Justiça Anderson Batista de Oliveira, na
sede do MPRO.
Na ocasião, o integrante do MP destacou a
imprescindibilidade da participação do TCE para a ação. Conforme explicou, as
investigações foram iniciadas pelo Ministério Público a partir de
notícia-crime, instaurada pela Corregedoria-Geral da Corte, que apurava
denúncias sobre a conduta do servidor, no âmbito administrativo disciplinar.
“É importante deixar claro que não se trata de uma
conduta ilícita, evento ou fato que possa sequer arranhar a imagem do Tribunal
de Contas. É uma investigação conjunta, que teve como ponto de partida a
provocação da Corregedoria-Geral do TCE, órgão que, diante de constatações
preliminares, não coadunou com ilícitos que lhes foram noticiados, solicitando
a investigação penal do MP”, disse.
Modus Operandi – De acordo com o que foi apurado, o
ocupante do cargo de auditor do Tribunal de Contas do Estado, executando a
prática popularmente conhecida como “rachadinha”, exigiria a entrega de parte
da remuneração de servidores comissionados lotados em seu gabinete como condição
para que os mantivesse nos respectivos cargos. Há suspeitas de que pelo menos
duas pessoas teriam sido vítimas do esquema, em que se chegaria a cobrar 20%
dos salários.
Conforme relatou o Promotor, a manobra seria
realizada num ambiente de assédio e hostilidade. No curso de investigações
internas, a Corregedoria-Geral do TCE tomou conhecimento de que também teriam
ocorrido ameaças às vítimas, o que, considerando o registro de antecedentes
criminas de um dos envolvidos, motivou o pedido de prisão de duas pessoas.
A operação investiga, até o momento, quatro pessoas
por indícios de crimes de peculato, concussão (arts. 312 e 316 do Código
Penal), associação criminosa e lavagem de capitais (art. 288 do Código Penal e
art. 1º da Lei 9.613/1998), condutas que teriam sido praticadas no período de
2014 a 2022.
Mandados - Segundo detalhado pelo coordenador do
GAECO, durante a operação, foram cumpridas medidas assecuratórias de bens
móveis, imóveis, direitos e valores no valor total de R$ 9 milhões e 191 mil, montante
que também compreenderia as fatias salariais retidas pelo agente público.
Também foram cumpridos dois mandados de afastamento
das funções públicas; onze mandados de busca e apreensão; duas medidas
cautelares de monitoramento eletrônico (tornozeleira); quatro ordens de
proibição de contato com testemunhas e vítimas; quatro ordens de proibição de
acesso a órgão público, duas medidas cautelares de proibição de deixar o País.
Todas as medidas foram deferidas pelo Juízo de Direito da 4ª Vara Criminal da
Comarca de Porto Velho.
“Passada a deflagração nesta quarta, serão
realizadas as etapas de depoimentos, oitivas de vítimas e testemunhas, triagem
de material e, após, no prazo de 10 dias, oferecimento de denúncias”, afirmou.
A Operação envolveu um efetivo total de 67 pessoas,
entre Promotores de Justiça, Delegados, Agentes e Escrivães de Polícia Civil,
Perito Criminal, Policiais Militares, Auditores do TCE/RO e servidores do
quadro administrativo do MPRO, TCE/RO e Ministério Público do Estado do Acre (MPAC).
O nome da ação é referência à palavra fraude em latim.
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