Quarta-feira, 5 de julho de 2023 - 11h29
Na última sexta-feira (30/06), foi publicada condenação do
Tribunal Superior do Trabalho (TST), que manteve decisão contra a rede Arcos
Dourados, maior franqueadora do McDonald's no Brasil, por utilizar menores de
idade em chapas e fritadeiras, considerando trabalho de alta periculosidade e,
portanto, ilegal. A decisão, que acatou uma denúncia do Ministério Público do
Trabalho (MPT), estipulou o valor de R$ 2 milhões por danos morais coletivos à
rede de fast food, obrigando a empresa a retirar adolescentes desses
locais.
A
decisão do TST aumenta o valor estipulado pela 17 ª Vara do Trabalho de
Curitiba, inicialmente de R$ 400 mil, e reverte sentença em segunda instância
do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Paraná, que havia derrubado os danos
morais, além de retirar a periculosidade no manuseio de chapas e fritadeiras,
por entender que Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) protegem esses
funcionários do risco de acidentes.
O
processo, movido em 2015 pelo MPT e tendo a Contratuh, confederação que
representa os trabalhadores do setor de fast food no Brasil, como assistente,
alega que existe perigo desses jovens sofrerem queimaduras mesmo utilizando
EPIs – o que ficou comprovado com a visita do juiz da 17ª Vara do Trabalho de
Curitiba, Paulo José de Oliveira de Nadai, a vários estabelecimentos
denunciados.
"Levamos
o juiz até os locais onde alguns desses adolescentes trabalhavam, para
comprovar as denúncias. No local, foi averiguado que, mesmo com os EPIs, muitos
tinham cicatrizes causadas por queimaduras. Uma atividade não condizente com o
que a legislação brasileira diz sobre menores de idade em ambientes de
trabalho. Não restaram dúvidas sobre as denúncias que fizemos", explica o
Samuel Antunes, advogado do escritório Serodio & Antunes Advogados, que
representa a Contratuh no processo ao lado do também advogado Agilberto
Seródio.
A
decisão do TST obriga a rede a pagar os danos morais e realocar esses jovens
para outras funções. Atividades como limpeza de banheiros e coleta de lixo
também foram mantidas como proibidas para menores de idade, por serem
consideradas insalubres, mantendo decisão da 17ª Vara e do TRT. "É uma
grande vitória, que comprova nossas denúncias. Foi um trabalho conjunto da
confederação, do Ministério Público do Trabalho, dos trabalhadores e da
sociedade. Depois de quase uma década, ver essa decisão protegendo nossos
adolescentes mostra que o esforço valeu a pena. Esta decisão abre um precedente
importante para outras ações que pretendem proteger ainda mais a
categoria", comemora Moacyr Auersvald, diretor da Contratuh e presidente
da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NSCT), central sindical que também
representa a categoria de fast food.
A
decisão não é última instância e ainda cabe recurso no Supremo Tribunal Federal
(STF). Até o momento, a empresa Arcos Dourados não sinalizou se irá recorrer.
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