Terça-feira, 14 de fevereiro de 2012 - 17h09
Embora os homens sejam maioria nos acidentes fatais com motocicleta na Região Norte (88%), a quantidade de mulheres que perdem a vida nesse tipo de acidente vem aumentando cada vez mais. O Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde revela que, de 1996 a 2010, a quantidade de vítimas fatais do sexo feminino em acidentes com motocicletas subiu de uma para 104 pessoas no Norte, aumentando 100 vezes. O estado com maior registro de mortes de mulheres por causa de acidentes em motocicletas em 2010 foi o Pará, com 39 óbitos.
No Brasil, do total de pessoas que perderam a vida em acidentes com motocicleta, 90% são do sexo masculino. Porém, o número nacional de vítimas fatais do sexo feminino em acidentes com motocicletas cresceu 16 vezes de 1996 a 2010, enquanto o número de homens que morreram nesses acidentes aumentou 13 vezes no mesmo período.
Um dos fatores preponderantes é o aumento da frota de motocicletas, meio de transporte utilizado por 10,2 mil dos 41 mil brasileiros que perderam a vida no trânsito em 2010. “Especialmente em cidades com menos de cem mil habitantes, tem aumentado o número de motociclistas, inclusive do sexo feminino, tornando as mulheres mais vulneráveis aos acidentes de trânsito”, observa Alexandre Padilha, lembrando que aumentou também a quantidade de pessoas – homens e mulheres – que usam a motocicleta para trabalhar.
“Temos mais um motivo para defender uma conduta cada vez mais cuidadosa no trânsito e que a fiscalização seja rigorosa para salvarmos mais vidas”, enfatiza o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lembrando que cerca de 80% das vítimas fatais têm entre 15 e 39 anos.
Outro agravante é apontado pela pesquisa Vigitel (Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) 2010. Os dados mostram que o percentual de homens que afirmaram ter dirigido após o consumo abusivo de álcool ainda é superior ao das mulheres – 3% contra 0,2% -, porém o consumo abusivo de bebidas alcoólicas por mulheres vem apresentando tendência de crescimento. “Embora o homem esteja mais vulnerável a este tipo de acidente porque costuma ser mais agressivo ao dirigir, as mulheres também devem ficar atentas para não associar álcool e direção”, considera a coordenadora de vigilância e prevenção de violências e acidentes do Ministério da Saúde, Marta Silva.
Além da associação entre direção e bebida alcoólica, a coordenadora lembra que o excesso de velocidade e direção imprudente também são fatores de risco. “Acidentes tornam-se ainda mais graves quando os motociclistas não utilizam equipamentos de proteção, como capacetes, casaco com proteção, calçados apropriados (botas, sapato fechado) e ainda desrespeitam a sinalização e fazem ziguezague entre os carros”, adverte.
Abuso de álcool é maior entre os jovens
A pesquisa Vigitel 2010 também mostra que, em ambos os sexos, a frequência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas aumenta com a escolaridade. Com relação a faixa etária, a frequência foi maior entre os mais jovens, alcançando mais de 30% dos homens e mais de 10% das mulheres entre 18 e 44 anos de idade.
O ministro Alexandre Padilha reforça a importância da prevenção e da fiscalização da Lei Seca, que reduziu drasticamente a tolerância da relação álcool e direção, defendendo também fiscalização mais rigorosa quanto ao uso de capacete e colete refletor por motociclistas. “Houve uma redução de até 30% nas regiões que tiveram uma ação mais eficaz na fiscalização”, esclarece, lembrando que o Ministério da Saúde apoia projetos de lei em discussão no Congresso Nacional que aumentam a pena de motoristas alcoolizados e a anulação de qualquer parâmetro mínimo de nível alcoólico ao volante. Propostas como essas estão contidas no Plano da Década de Ações para a Segurança no Trânsito 2011-2020. Para o ministro da Saúde, outros projetos também avançam nesse sentido, como a obrigatoriedade de apresentação de carteira de motorista para a compra de motos e a padronização nacional dos boletins de informação de acidentes de trânsito.
Ações – O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com um conjunto de ações de promoção de saúde e paz no trânsito, de prevenção e vigilância de acidentes, violências e seus fatores de risco. Para a prevenção e promoção da saúde, os ministérios da Saúde e das Cidades assinaram em maio de 2011 o Pacto Nacional pela Redução dos Acidentes no Trânsito – Pacto pela Vida, com a meta de estabilizar e reduzir o número de mortes e lesões em acidentes de transporte terrestre nos próximos dez anos.
Outra iniciativa é o Projeto Vida no Trânsito, lançado em junho de 2010, que visa reduzir lesões e óbitos no trânsito em municípios selecionados por uma comissão interministerial. Para inicio do projeto, as cidades escolhidas foram Teresina (PI), Palmas (TO), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR). As cidades selecionadas devem desenvolver experiências bem-sucedidas na prevenção de lesões e mortes provocadas pelo trânsito e que possam ser reproduzidas por outras cidades brasileiras. “A meta para os próximos anos é expandir este projeto para todas as capitais brasileiras, assim como outros municípios, o que será feito em parceria com as secretarias de saúde de Estados, do Distrito Federal e de municípios”, adianta Marta Silva.
UPA 24h e SAMU 192 ajudam na redução de mortes
O ministro Alexandre Padilha explica que o problema só não é ainda maior porque as ações de ampliação das unidades de urgência e emergência, como as UPAs 24h (Unidades de Pronto Atendimento) e a expansão do Samu 192, vêm aumentando a proporção de vidas salvas, em relação aos óbitos.
“Há uma queda na proporção entre mortes em acidentes e internações. Nos últimos três anos, o índice cai de 0,38, passa por 0,29 e chega a 0,24. As ações de saúde em urgência e emergência têm conseguido reduzir a proporção de óbitos por acidentes de trânsito. Mas essa verdadeira epidemia de lesões e mortes por acidentes de trânsito aumentam muito o número absoluto de internações e óbitos”, afirma o ministro.
Em 2010, foram contabilizadas 145 mil internações no SUS causadas por acidentes, 15% a mais do que em 2009. Isso representou um investimento de R$ 190 milhões só em procedimentos específicos no Sistema Único de Saúde (SUS). No período, houve um aumento de 8% no número de óbitos.
Fonte: Débora Pinheiro, da Agência Saúde
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