Segunda-feira, 23 de janeiro de 2023 - 19h42
A Polícia Federal realizou na tarde desta segunda-feira
(23/1) coletiva de imprensa para prestar excepcional esclarecimento acerca das
investigações relacionadas ao assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira,
da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips,
colaborador do jornal The Guardian.
As investigações da PF apontaram um quarto
participante do duplo homicídio, Edivaldo da Costa de Oliveira (irmão do
“Pelado”), responsável por emprestar a espingarda utilizada para matar as
vítimas e ter atuado também na ocultação dos corpos.
De acordo com o ex-superintendente da Polícia
Federal no Amazonas, Alexandre Fontes, que esteve à frente da Superintendência
durante grande parte das investigações, há fortes convicções de que Colômbia
teria sido o autor intelectual dos crimes. O mandante teria planejado as mortes
em razão da fiscalização à pesca ilegal realizada pelo indigenista Bruno
Pereira, que trazia grandes prejuízos ao grupo criminoso.
Colômbia tem como nome verdadeiro Rubén Dario da
Silva Villar e também foi indiciado por uso de documento falso. Ele teria
utilizado uma certidão de nascimento falsa para poder trabalhar no Brasil.
Também foi constatado que o colombiano possuí uma identidade peruana falsa.
A Polícia Federal finalizou a análise sobre a ocultação dos cadáveres e encaminhou relatório à Justiça Federal, com o indiciamento de cinco pessoas. Foi constatado o envolvimento de um adolescente no crime, o que levou também ao indiciamento dos demais envolvidos por corrupção de menores.
Em relação ao inquérito que investigou a prática de pesca ilegal e associação criminosa armada, este também foi encerrado. Foram indiciadas 10 pessoas.
Entenda o caso
Registros apontam para desentendimentos anteriores
entre o ex-servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira e Pelado,
que é suspeito de envolvimento com a pesca ilegal na região. Segundo as
investigações, Bruno e Dom foram emboscados e mortos depois que Bruno pediu a
Dom que fotografasse o barco dos acusados, de forma a atestar a prática de
pesca ilegal.
Bruno foi morto com três tiros - um deles pelas
costas. Já Dom foi assassinado apenas por estar junto com Bruno no momento do
crime.
Na última sexta-feira (20), as audiências de
instrução e julgamento dos três acusados pelos assassinatos foram suspensas
pelo juiz da Vara de Federal de Tabatinga, Fabiano Verli. Os depoimentos
estavam previstos para ocorrer a partir desta segunda-feira e terminar na
quarta-feira (25).
Na decisão, Verli apontou a falta de salas disponíveis para receber os réus para os depoimentos e disse que houve “lamentável falta de comunicação entre nós, da Justiça Pública”.
As investigações seguem em andamento.
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