Terça-feira, 11 de dezembro de 2018 - 08h38
O ministro Marco Aurélio
Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou as diligências realizadas
hoje (11) pela Polícia Federal na Operação Ross. Foram cumpridos mandados de
busca e apreensão em endereços do senador Aécio Neves (PSDB-MG), eleito deputado
federal.
Marco Aurélio, porém, negou a
imposição de recolhimento domiciliar que havia sido solicitada pela PF contra o
senador. O ministro acompanhou entendimento da Procuradoria-Geral da República
(PGR), que não viu elementos suficientes para a medida.
“Relativamente ao investigado
Aécio Neves da Cunha, não há dados concretos, individualizados, a demonstrarem
a indispensabilidade das medidas pretendidas. O órgão acusador [PGR], ao
manifestar-se, destacou que a situação de plena liberdade do investigado não
representa risco à ordem pública”, disse o ministro.
No caso, é investigada suposta
compra de apoio político a Aécio durante a campanha à Presidência da República
em 2014. Também é alvo da operação o deputado Paulinho da Força
(Solidariedade-SP). Os deputados Benito, da Gama (PTB-RJ) e Cristiane Brasil
(PTB-RJ) e os senadores Antônio Anastasia (PSDB-MG) e José Agripino (DEM-RN)
estão sendo intimados a depor.
A operação tem como base a
delação premiada de executivos do grupo J&F. Segundo as investigações,
Aécio teria recebido R$ 109 milhões em propina entre os anos 2014 e 2017. O
dinheiro era repassado por meio de notas frias emitidas por empresas indicadas
pelo senador, segundo indícios apontados pelos investigadores.
Por meio de nota, o advogado
Alberto Toron, que representa Aécio, disse que ele, na condição de maior
interessado no esclarecimento dos fatos, “sempre esteve à disposição para
prestar todos os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção
de todos os seus atos”.
“É preciso que se esclareça que
os recursos referidos pelos delatores da JBS são as contribuições eleitorais
feitas à campanha do PSDB em 2014 e devidamente registradas na Justiça
Eleitoral”, disse Toron.
No total, 200 agentes da PF
cumprem nesta terça-feira (11) 24 mandados de busca e apreensão, assim como 48
intimações para oitivas no Distrito Federal, em São Paulo, Minas Gerais, no Rio
de Janeiro, Rio Grande do Norte e na Bahia, além de Mato Grosso do Sul,
Tocantins e Amapá. São investigados os crimes de corrupção passiva, organização
criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
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