Sexta-feira, 31 de outubro de 2014 - 12h37
Pedro Peduzzi
Agência Brasil
A Operação Nomadismo, deflagrada hoje (31) pela Polícia Federal (PF) em parceria com a Previdência Social, pode ter identificado a ponta do iceberg de uma quadrilha que fraudava o Instituto Nacional do Seguro (INSS). Até o momento, foram contabilizados cerca de R$ 4 milhões em valores desviados, mas, segundo o delegado Marcelo Fernando Bórsiom, a soma pode chegar a R$ 40 milhões.
“Das 17 pessoas ouvidas hoje, 12 já foram indiciadas. Há pelo menos dois servidores [públicos] envolvidos no caso”, informou o delegado. De acordo com ele, de janeiro a maio de 2010, os fraudadores enviaram informações falsas ao INSS, principalmente por meio de Guia de Recolhimento do FGTS (Gfip) fraudulentas, a fim de “criar qualidade de segurado para pessoas que não trabalham em empresas”. Foram cerca de 5,2 mil guias fraudulentas, detalhou Bórsiom.
A Gfip é um documento que informa quais funcionários trabalham em determinada empresa, o que fazem e qual salário recebem. Por meio dessa guia foram concedidos benefícios a falsos segurados. Segundo o delegado, o valor de cada benefício chegava a R$ 3,5 mil. Entre os benefícios concedidos irregularmente estão os de aposentadoria, em especial por incapacidade, e seguro-desemprego.
“A operação vai desvendar um alvo muito maior do que o de hoje”, disse Bórsio, ao informar a existência de “indícios de que houve fraude também entre 2013 e 2014”. Nos escritórios de contabilidade inspecionados hoje pela Polícia Federal foram encontrados “diversos documentos de [mais] empresas de fachada ou inativas [usadas para aplicar o golpe]”, acrescentou.
A Polícia Federal entrou no caso após denúncias que detalhavam o modus operandi (modo de agir) dos fraudadores. “Checamos as informações no sistema e chegamos à conclusão, por meio de provas materiais e contundentes, de que essas pessoas estavam de fato fraudando a Previdência”, explicou Bórsio. As maiores dificuldades enfrentadas durante as investigações foram decorrentes do fato de os escritórios suspeitos mudarem constantemente de endereço – motivo pelo qual a PF batizou a operação de Nomadismo.
Superintendente Regional do INSS nas regiões Norte e Centro-Oeste, José Eduardo Lopes Mendes disse que está aguardando a conclusão das investigações para ter uma ideia da dimensão que o golpe teve em termos de volume, pessoas envolvidas e prejuízo aos cofres públicos.
A PF cumpriu hoje 22 mandados de busca e apreensão e 17 ordens de condução coercitiva. As investigações tiveram início em 2010. Desde então, foi feito um mapeamento das ações dos investigados. A operação contou com a participação de 130 policiais e tem o reforço de analistas do ministério.
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