Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Polícia

Uso de álcool e cocaína está aumentando violência entre jovens, diz cacique tikuna




Terra Indígena Tukuna Umariaçu (AM) - O consumo de cachaça e cocaína está aumentando a violência entre jovens, diz o cacique Manoel Nery Tikuna, que chefia a Aldeia Umariaçu 2, no município amazonense de Tabatinga. Segundo ele, os jovens agora se dividem em grupos, formando gangues dentro da aldeia e partindo para a briga.

"Alguém entrou com esse produto [cocaína] e falou para o que servia", diz o líder tikuna, em entrevista à Agência Brasil e à TV Brasil. "Aí, quem comprou e experimentou, já foi levando para outro colega para prejudicar. Daí é que vem a violência. Se matam e brigam entre eles. Usam pau, espingarda, garrafa, pedra. É um problema muito sério."

O cacique diz que os grupos atuam contra os outros. "Se a pessoa não corre, vão para cortar, para matar", relata. "Nós perdemos dois rapazes assim. Jogaram no igarapé e o corpo ficou boiando."

O efeito da entrada de drogas na Umariaçu 2 repercute nas relações familiares e nem a família do cacique escapa. "Está trazendo muito sofrimento. Muito mesmo", diz Manoel Nery. "Um dos meus seis filhos está querendo entrar [nas drogas], mas eu falei muito com ele e agora está um pouco afastado. Outro filho levou uma facada nas costas, como vingança contra mim, porque eu falo contra as drogas."

Segundo o cacique, os jovens da aldeia compram bebida alcoólica e colocam o pó da droga dentro, o que provoca efeitos imediatos e mudanças radicais de comportamento. "O pensamento mudou e não respeitam mais ninguém. Cheiram cola, também cheiram gasolina", comenta.

Para o cacique, a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai), responsável pelas políticas públicas para os indígenas em todo o país, está longe do necessário para resolver a situação: "A Funai não faz nada. Só o que faz é demarcar área junto com o governo federal e fazer a fiscalização."

O chefe da aldeia diz que já foi até à Polícia Federal (PF) para denunciar a situação na aldeia, mas não conseguiu ajuda. "Falei com o delegado Eduardo [Primo], na Funai, e ele disse que a Polícia Federal não estava no município para prender quem bebe cachaça", conta. A assessoria de imprensa da PF informou que um dos dois delegados que poderia falar sobre o assunto estava em missão, e o outro, em Manaus. Marcou entrevista para amanhã (19).

Para Manoel Nery Tikuna, o que leva os jovens ao uso de álcool e drogas e a se envolver em brigas violentas é a falta de perspectiva de futuro, depois que terminam o ensino médio, oferecido na aldeia: "Eles concluem o ensino médio e não têm profissão, não têm trabalho nenhum. Não têm ajuda dos políticos para estudar fora, na capital ou em outro país. Não têm bolsa na universidade. Então a gente está sem caminho, enquanto a comunidade está sofrendo". 
 
Vladimir Platonow
Agência Brasil

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Polícia Militar apreende motos, armas, bloqueador de sinais e celulares roubados

Polícia Militar apreende motos, armas, bloqueador de sinais e celulares roubados

Durante a Operação Maximus, em patrulhamento na Estrada do Belmont com Lauro Sodré, policiais militares do 9º Batalhão receberam denúncia anônima in

PF desarticula esquema de tráfico interestadual de drogas envolvendo policiais em RO e na BA

PF desarticula esquema de tráfico interestadual de drogas envolvendo policiais em RO e na BA

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, (7/11), a Operação Puritas, para desarticular grupo criminoso responsável por esquema de tráfico int

Nota de Esclarecimento da Polícia Civil de Rondônia

Nota de Esclarecimento da Polícia Civil de Rondônia

A Polícia Civil do Estado de Rondônia vem a público esclarecer que, conforme sua missão institucional e compromisso com a imparcialidade, não apoia,

Gente de Opinião Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)