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Política - Nacional

Aliados desanimam, mas Alckmin encerra campanha ainda confiante


Agência O Globo - Natuza Nery e Maurício Savarese SÃO PAULO (Reuters) - O candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) não mostrou abatimento com a distância que o separa de seu adversário, segundo as pesquisas eleitorais, no último evento oficial de sua campanha. Mas a esperança do candidato de virar o jogo do segundo turno já não é capaz de sustentar em patamar elevado o ânimo de seus aliados. Muitos reconhecem nos bastidores que é ``praticamente impossível'' avançar sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e reverter os 22 pontos percentuais, diferença apontada pela última sondagem do Datafolha, que o separam do petista. Em um comício em São Paulo cheio de simbolismos políticos, e num terreno agressivo a Lula, Alckmin encerrou formalmente a sua campanha como se estivesse no início dela. Segundo a Polícia Militar, 5 mil pessoas estavam presentes no início do evento. ``Vamos chegar lá'', dizia o tucano à militância. Os discursos de seus companheiros, no entanto, indicavam o contrário. ``Pelo amor de Deus, não deixem o Lula ganhar'', pedia o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). ``Só faltam 10 milhões de votos'', defendeu o senador José Jorge (PFL-PE), candidato a vice-presidente da chapa do tucano. A marca é quase o tamanho do eleitorado de Minas Gerais. Aécio Neves (PSDB), no entanto, reeleito governador do Estado com mais de 70 por cento dos votos, não prestigiou o colega na celebração final, mesmo sabendo que sua presença ao lado de Alckmin seria importante para demonstrar força eleitoral a menos de cem horas do ``dia D''. Outros aliados ilustres também não compareceram. O governador eleito José Serra (PSDB), que praticamente não acompanhou o presidenciável durante o segundo turno, teve lugar cativo na lista de discursos, mas preferiu não atacar Lula diretamente. Tanto Aécio quanto Serra pretendem construir ``pontes institucionais'' com o governo petista num provável próximo mandato. Ambos almejam o Palácio do Planalto em 2010 e, por isso, não se interessam pelos tensionamentos com adversários. O candidato não poderá contar mais com palanques, discursos e eventos públicos. A partir desta quinta-feira, ele cumpre agendas mais modestas. Apenas entrevistas, caminhadas e o debate da TV Globo na próxima sexta. SILÊNCIO DAS RUAS Alckmin não joga a toalha, nem reservadamente, revelam interlocutores. À imprensa, insiste que há um ``movimento silencioso nas ruas''. Para ele, a vantagem de seu adversário não passa de um dígito. O local para se despedir oficialmente na campanha foi especialmente pensando e o discurso do encerramento, estrategicamente combinado. O objetivo era acentuar não só as diferenças entre os dois candidatos, mas também marcar uma crítica repetida à exaustão de que Lula não é mais o candidato do povo e da esquerda. No palco histórico da luta pela redemocratização --o Vale do Anhangabaú--, a oposição atacou as alianças do PT com os peemedebistas José Sarney (ex-presidente da República), ''representante das oligarquias'', e Delfim Netto, ``algoz da ditadura''. Diante de um palanque politicamente heterogêneo, que incluía ex-membros da Arena, partido que sustentava o regime militar, o prédio dos Correios serviu de inspiração para rebater a ``calúnia'' da ``ânsia privatista'', da qual o PT acusou o candidato tucano. Os ataques ao governo vieram em coro. ``Lula passou para o outro lado'', declarava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Uma senhora de quase 90 anos, com uma Bíblia na mão, não entendia tantos recados cifrados. ``Quero que ele fale com a gente. Amo o Geraldo, estou pedindo por ele,'' reclamava a eleitorama.

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