Segunda-feira, 10 de dezembro de 2018 - 09h52
O esquema Bolsonaro-Queiroz que emergiu na última quinta-feira (6)
pode ser apenas a ponta do iceberg que envolve o clã Bolsonaro. Jair e seus
filhos, Flavio, Eduardo e Carlos, que se sustentam em tese apenas de suas
remunerações como parlamentares, tiveram um salto espantoso no patrimônio
familiar nos últimos anos: até 2008, a família declarava à Justiça Eleitoral
bens em torno de R$ 1 milhão; este ano, declarou R$ 6,1 milhões. Mas há
indícios graves de lavagem de dinheiro e de uso da estratégia de subavaliação
patrimonial. Segundo valores de mercado, os bens dos Bolsonaro já alcançam mais
de R$ 15 milhões.
É um
salto espantoso para quem vive apenas de salários no Legislativo -Flávio
Bolsonaro é o único que declara outra atividade econômica, um pequeno comércio
de chocolates.
Jair
Bolsonaro acumulou R$ 2,3 milhões em bens, de acordo com sua declaração ao TSE.
Eduardo declarou neste ano bens no valor R$ 1,4 milhão, aumento de 432% em
relação ao pleito de 2014. Flávio informou à Justiça Eleitoral patrimônio
de R$ 1, 7 milhão; e Carlos, R$ 700 mil.
Em 2016, Carlos informava manter em casa, em dinheiro vivo, R$ 20 mil, conforme
seu registro de candidato.
A
família Bolsonaro é dona de 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15
milhões, em bairros do Rio Copacabana, Barra da Tijuca e Urca, a maioria em pontos valorizados do Rio de
Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca.
Eduardo
foi aquele que apresentou maior evolução patrimonial, com crescimento de 432%
entre 2014 e 2018. Há quatro anos, Eduardo Bolsonaro havia declarado ser dono
de apenas dois bens: um apartamento (R$ 160 mil) e um veículo (R$ 45 mil).
Agora, o patrimônio do parlamentar ainda inclui depósitos bancários,
aplicações financeiras e um apartamento de mais R$ 1 milhão.
Todos
os dados sobre a evolução patrimonial declarada podem sem conferidos no site
Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (também conhecido como Divulga
Contas) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aqui. A Folha de S. Paulo
publicou reportagem sobre o assunto em janeiro deste ano mas o assunto caiu no
esquecimento e não foi objeto de atenção na campanha eleitoral; agora, a
revista Época voltou ao assunto.
De
acordo com a reportagem da Folha de S.Paulo, "as transações que resultaram
na compra da casa em que Bolsonaro vive, na Barra, têm, em tese, indícios de
uma operação suspeita de lavagem de dinheiro, segundo os critérios do Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e do Conselho Federal dos
Corretores de Imóveis (Cofeci)."
Trata-se da casa que está no centro do noticiário, onde Bolsonaro realiza os encontros políticos mais importantes. A casa foi adquirida em 2008 por uma empresa, a Comunicativa-2003 Eventos, Promoções e Participações, por R$ 580 mil. A casa foi reformada e vendida para Bolsonaro quatro meses depois, com redução de 31%. O Cofeci aponta que configura ter "sérios indícios" de lavagem de dinheiro operação na qual há "aparente aumento ou diminuição injustificada do valor do imóvel" e "cujo valor em contrato se mostre divergente da base de cálculo do ITBI", o imposto cobrado pelas prefeituras. Desde 2014, operações do tipo devem ser comunicadas ao Coaf –a unidade que detecta operações irregulares no sistema financeiro.
Não se
sabe se a transação esteve ou está sob análise do Coaf, que apontou o esquema
Bolsonaro-Queiroz num relatório. O órgão, do Ministério da Fazenda, será
transferido no governo Bolsonaro para o Ministério da Justiça. A operação está
cercada de críticas de todos os especialistas em lavagem de dinheiro, pois sua
atividade será submetida ao crivo e interesses políticos de Sérgio Moro.
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