Segunda-feira, 14 de março de 2022 - 13h53
O
prolongamento da guerra na Ucrânia está ocupando o lugar da pandemia como
grande temor do brasileiro. A conclusão é da pesquisa que o Ipespe divulgou na
última sexta-feira (11.03). Segundo o levantamento, o medo da ampliação do
conflito atinge 65% da população, enquanto os que ainda estão “com muito medo”
do coronavírus somam agora 15%, bem abaixo dos 23% da última medição.
Em relação à pesquisa anterior do Ipespe, o índice dos que não
têm medo do coronavírus subiu de 38% para 48%. “Os números são explicados pela
centralidade na mídia da guerra na Ucrânia, acompanhada do recuo da quantidade
de casos e o anúncio da desativação de medidas restritivas em várias cidades”,
comenta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda.
Ainda segundo a pesquisa, a maioria dos brasileiros acha que a
Ucrânia tem mais razão no conflito com a Rússia, mas apenas 29% defende que o
Brasil apoie o país no confronto que acontece no Leste Europeu. O resultado foi
comentado por Lavareda: “a solidariedade do brasileiro com a Ucrânia tem
limites.”
Na pesquisa, 56% dos entrevistados deram razão à Ucrânia; 8%
apontaram para a Rússia e 17% disseram que nenhum dos dois países tem razão. Os
que defendem que o Brasil fique neutro nessa disputa atingiram 62%; apenas 2%
defendem um posicionamento pró-Rússia.
A postura do presidente Bolsonaro no conflito é vista como
“total ou parcialmente correta” por 42% dos entrevistados; outros 48%
consideram a postura presidencial “total ou parcialmente errada”.
Para Lavareda, a opinião pública praticamente se divide nesse
tema. Ele lembra que essa discussão não foi incorporada até o momento à
pré-campanha eleitoral. “O encontro de Bolsonaro com Putin dias antes da
invasão, muito criticado, parece não ter produzido efeitos negativos nessa
dimensão. Sua conduta é respaldada por um percentual muito superior ao da sua
aprovação geral. Mas estamos longe de ter um quadro definitivo. Quando os
efeitos da guerra se fizerem sentir com mais força será oportuno revisitar a
questão.”
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