Terça-feira, 15 de janeiro de 2019 - 13h47
A chegada da rede de notícias CNN ao Brasil, por meio do empresário Rubens Menin e do jornalista Douglas Tavolaro, biógrafo oficial do bispo Edir Macedo, que é um dos principais apoiadores do bolsonarismo no Brasil, foi saudada por medalhões do jornalismo, mas com uma ponta de desconfiança. "Para um mercado de trabalho em extinção, é sempre uma boa notícia a criação de 400 empregos para jornalistas, como a CNN Brasil anunciou. Só é preciso saber qual o grau de liberdade e autonomia essas jornalistas terão para contar o que está acontecendo no Brasil. Se será como na CNN americana ou como nas emissoras nativas", diz o jornalista Ricardo Kotscho, Jornalista pela Democracia, que já foi comentarista na Record.
Florestan Fernandes Júnior levanta outra questão: será que já existe algum tipo de acordo com o governo federal? "Feliz em saber que 400 vagas para jornalistas serão abertas no mercado brasileiro com a chegada da CNN. Se o telejornalismo seguir os padrões de qualidade da informação, independência e imparcialidade, que são características da emissora norte-americana, teremos motivos para comemorar", diz ele. "Acho que seria importante a empresa dizer por que só agora decidiu apostar no mercado brasileiro. Além da crise econômica que ainda enfrentamos, a CNN chega num momento em que o trabalho dos jornalistas vem sendo desprezado pelo novo governo de extrema direita, que prefere se comunicar através das redes sociais. Todos no mercado de comunicação querem saber pra onde vão as polpudas verbas publicitárias de empresas públicas como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, etc....Principalmente agora que o novo governo disse que vai mudar os critérios para a distribuição das verbas publicitarias. Boa parte deste dinheiro costuma ir para as emissoras de rádio e televisão. A Record de Edir Macedo já declarou apoio ao novo governo. O SBT de Silvio Santos, também. Mas o desafeto da família Bolsonaro, a Rede Globo, ainda não. Será que a CNN Brasil vai chegar abocanhando parte destes recursos? Se isso acontecer seria algo preocupante. Se não, como viabilizar o custo altíssimo de uma super estrutura jornalística?"
Marcelo Auler, que assim como Florestan e Kotscho integra a rede de Jornalistas pela Democracia, traz uma abordagem ampla para a discussão. "Teoricamente, a pluralidade de canais de informação para o leitor/eleitor é algo sempre positivo. Devemos sempre relembrar que a Liberdade de Imprensa e de Expressão – que muitos confundem como direito dos jornalistas, artistas e intelectuais - é, antes de tudo, um direito do cidadão. Ele, como receptor do noticiário, tem o direito constitucional garantido de receber tais informações de fontes diferentes e sem interferência (censura) quer dos governos, quer dos empresários", diz ele. "Logo, o anuncio de um novo canal de notícias é bem-vindo. Sempre. Mas – sempre há um mas, em se tratado de Brasil – é preciso saber ao que se propõe esse novo canal, em especial em um momento em que toda a chamada grande mídia come o pão que o diabo amassou, muito por conta da crise provocada pelos chamados novos meios de divulgação. A isto, porém, soma-se uma boa dose de incompetência que permitiu que sua credibilidade fosse jogada no lixo. Ou seja, colhe frutos do que plantou ao manipular informações e entrar no jogo político, em especial contra governos populares. Assim sendo, qualquer comemoração de um novo canal de TV precisa ser cautelosa. Se for para repetirem o que já existe, como o Sistema Bolsonaro de Televisão (SBT) ou mesmo as Records e Globos da vida, será chover no molhado. Mais do mesmo. Se for para ser uma mídia independente como estão sendo jornais do exterior com suas versões em português, ai sim, teremos o que comemorar", pontua.
Record versus Globo?
O colunista Alex Solnik vê fortes indícios de ligações entre a CNN Brasil e o bispo Edir Macedo. "O nome de Douglas Tavolaro como CEO da CNN Brasil não é o único sinal de que Edir Macedo, com quem tem ligações familiares e comerciais, pode ser o verdadeiro sócio do canal. Um tuíte recente de Eduardo Bolsonaro revela que seu pai tinha interesse nisso: 'Quando vier um jornal/canal conservador, o negócio vai deslanchar'", relembra Solnik. Ao 247, o empresário Rubens Menin negou vínculos com Edir Macedo. Solnik, por sua vez, diz que o empresário terá a Globo como inimiga, caso a empresa dos Marinho perceba a CNN Brasil como uma operação polí
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