Quarta-feira, 8 de março de 2023 - 10h53
Além de data simbólica e de luta,
o Dia Internacional das Mulheres é visto pelo Governo Federal como oportunidade
para anunciar medidas que incidem diretamente na garantia de direitos das
mulheres. O 8 de março será marcado por uma série de ações que permeiam a
atuação do Executivo. O evento que oficializa essas iniciativas será no Palácio
do Planalto, em Brasília (DF), a partir das 10h desta quarta, com presença do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves,
além de representantes de outros 19 ministérios e do Banco do Brasil, da CAIXA
e do BNDES.
Em pleno 2023, não é admissível que o país registre um
feminicídio a cada sete horas, e um estupro a cada dez minutos. Para cuidar das
vítimas e fortalecer o combate a essas barbáries, estamos reconstruindo a
Central de Atendimento à Mulher -- o Ligue 180. Nesse telefone, é possível
registrar denúncias contra qualquer tipo de violência de gênero. A ligação é
gratuita de qualquer lugar do país. O serviço funciona 24 horas por dia”
Cida Gonçalves,
ministra das Mulheres
Uma das medidas de destaque é o anúncio de um Projeto de Lei a
ser enviado ao Congresso Nacional para promover a igualdade salarial entre
homens e mulheres que exerçam a mesma função. Apresentado pelo Executivo, o
texto prevê medidas para que empresas tenham maior transparência remuneratória
e para ampliar a fiscalização e o combate à discriminação salarial.
“Toda hora que você vai procurar essa Lei, parece que ela já
existe, mas tem tantas nuances, tantas vírgulas, que tudo é feito para a mulher
não ter o direito. Então, é preciso uma lei que diga: a mulher deve ganhar o
mesmo salário do homem se exercer a mesma função e pronto! Não tem vírgula! Se
não pagar, vai ter que ter alguém para fiscalizar”, afirmou o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, no evento de reinstalação do Conselho Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), na última semana.
Na noite desta terça, 7/3, a ministra das Mulheres, Cida
Gonçalves, fez um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão em que
ressaltou os muitos desafios por enfrentar e apontou o grave contexto da
violência contra mulheres em nosso país.
“Em pleno 2023, não é admissível que o país registre um
feminicídio a cada sete horas, e um estupro a cada dez minutos”, disse a
ministra. “Para cuidar das vítimas e fortalecer o combate a essas barbáries,
estamos reconstruindo a Central de Atendimento à Mulher -- o Ligue 180. Nesse
telefone, é possível registrar denúncias contra qualquer tipo de violência de
gênero. A ligação é gratuita de qualquer lugar do país. O serviço funciona 24
horas por dia”, completou.
A ministra anunciou que será
recriado o programa Mulher Viver sem Violência, com a implantação de 40
unidades das Casas da Mulher Brasileira, com recursos do Fundo Nacional de
Segurança Pública e investimento de R$ 372 milhões. O programa prevê
ainda a doação de 270 viaturas para a Patrulha Maria da Penha, em todos os
estados.
Será editado também um decreto prevendo a regulamentação da cota
de 8% da mão de obra para mulheres vítimas de violência em contratações
públicas na administração federal direta, autarquias e fundações.
Adicionalmente,
o 14 de março será transformado no Dia Nacional Marielle Franco, data com foco
no enfrentamento à violência política de gênero e de raça. O 14 de março marca
o dia em que a vereadora do Rio de Janeiro foi assassinada, no ano de 2018
Confira abaixo outras ações do
Governo Federal com foco no 8 de março:
CONVENÇÕES E COALIZÕES
- O Governo Federal vai ratificar a Convenção 190 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), primeiro tratado internacional a
reconhecer o direito de todas as pessoas a um mundo de trabalho livre de
violência e assédio, incluindo violência de gênero. Entre outras medidas, a
Convenção 190 amplia conceitos de assédio sexual e moral no trabalho.
O país vai aderir à Coalizão Internacional de Igualdade
Salarial, que envolve entidades como a OIT, a ONU Mulheres e a Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Será lançada também a política
de enfrentamento ao assédio sexual e moral e discriminação na administração
pública federal.
SAÚDE E DIGNIDADE MENSTRUAL
-- No âmbito da garantia de direitos no campo da saúde,
haverá um decreto que trata da dignidade menstrual, com o compromisso de
distribuição gratuita de absorventes no Sistema Único de Saúde (SUS).
Adicionalmente, será lançado um programa de equidade de gênero e raça entre os
servidores do SUS.
EDUCAÇÃO E ESPORTE
-- O anúncio da retomada das obras de 1.189 creches que
estavam com o andamento paralisado é um dos compromissos deste conjunto de
iniciativas. Serão também asseguradas vagas em cursos e programas de educação
profissional e tecnológica para 20 mil mulheres em situação de vulnerabilidade
nos próximos dois anos.
CULTURA E TURISMO - No âmbito das ações
culturais, o destaque é o edital Ruth de Souza de Audiovisual, que vai dar
suporte a projetos inéditos de cineastas brasileiras para realização do
primeiro longa-metragem. São R$ 10 milhões em investimentos. Outra linha de ação é o incentivo
à literatura, com R$ 2 milhões no Prêmio Carolina Maria de Jesus, para livros
inéditos escritos por mulheres.
CIÊNCIA E PESQUISA - Um
decreto que institui a Política Nacional de Inclusão, Permanência e Ascensão de
Meninas e Mulheres na Ciência, Tecnologia e Inovação também será assinado. A
estimativa é de que haja uma chamada pública do CNPq de R$ 100
milhões, voltada para mulheres nas ciências exatas, engenharia e computação.
ECONOMIA E INOVAÇÃO
-- A vertente econômica e da criação de oportunidades
também está na lista de iniciativas federais. O programa Organização Produtiva
Econômica das Mulheres Rurais prevê
o lançamento de um edital de assistência técnica rural para mulheres do campo
com R$ 50
milhões de investimento e perspectiva de atender até 20 mil mulheres.
CRÉDITO E ACELERAÇÃO
- Os bancos públicos também terão ações especiais. No
Banco do Brasil, cinco carretas do Agro Mulher vão percorrer o país com oferta
de crédito diferenciado para mulheres, serviços financeiros e capacitação para
pessoas físicas e jurídicas.
A CAIXA promove o Mulheres na Favela, qualificação de mulheres
em três laboratórios de inovação social no Rio de Janeiro, São Paulo e
Salvador. O BNDES, por sua vez, enfatizará o Projeto Garagem, com aceleração de
startups lideradas por mulheres.
GRUPOS DE TRABALHO --
Haverá a criação de grupos de trabalho interministeriais com foco na garantia
de direitos. Um deles será voltado para a elaboração de uma Política Nacional
de Cuidados. Outro para formular o Plano Nacional de Igualdade Salarial,
Remuneratório e Laboral entre Mulheres e Homens. Um terceiro terá como meta a
Política de Enfrentamento ao Assédio Moral e Sexual e Discriminação na
Administração Pública. Um envolve o Enfrentamento à Violência Política de
Gênero e Raça e outro buscará formular a politica nacional de Inclusão,
Permanência e Ascensão de Meninas na Ciência, Tecnologia e Inovação. Palestras,
eventos, seminários e debates estão previstos para todo o mês em diversas
pastas da Esplanada dos Ministérios.
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