Segunda-feira, 10 de março de 2025 - 15h48
O estudo Pesquisa
Salarial do Médico, desenvolvido pelo Research Center, núcleo de pesquisa da
Afya – maior hub de educação e soluções para a prática médica do país –, aponta
que médicas recebem, em média, 22,6% a menos do que seus colegas homens na
região Norte. De acordo com a pesquisa, a renda mensal das profissionais
mulheres é de R$ 19.868, enquanto a dos homens chega a R$ 25.673. Quadro idêntico
ao percebido nacionalmente, em que a diferença também é de 22,6%, com mulheres
auferindo R$ 17.535,32, enquanto a dos homens chega a R$ 22.669,86.
A diferença de R$ 5.805
no Norte é motivada por dois fatores: o valor médio da hora trabalhada para médicos
é de R$ 431, enquanto para as médicas fica em R$ 383, uma defasagem de R$ 48
(11,2%). O segundo ponto diz respeito à jornada de trabalho: enquanto os homens
trabalham 59,5 horas semanais, as mulheres dedicam à profissão 51,9 horas, uma
diferença de 7,7 horas por semana (12,9%).
No âmbito nacional, a
desigualdade salarial se manifesta em todas as categorias analisadas, incluindo
idade, região e nível de formação ou especialização. Entre os profissionais de
45 a 55 anos, a diferença de renda é menor, em torno de 8,1%, indicando um
maior equilíbrio salarial.
Quando observadas as
regiões de atuação, a menor diferença salarial entre os gêneros ocorre no Sul,
com 15,4%. Nas demais regiões, os homens apresentam rendimentos superiores, com
uma disparidade que varia entre 22% e 24%, 22,2% no Nordeste, 24,2% no
Centro-Oeste e 24,9% no Sudeste.
Independentemente do
nível de formação, os médicos apresentam renda líquida mensal superior. A
desigualdade é ainda mais expressiva entre os especialistas, com uma diferença
de 22,4%. Esses dados reforçam que, mesmo com qualificações equivalentes ou
superiores, as mulheres continuam enfrentando barreiras que limitam sua
ascensão profissional e financeira.
Maternidade e carreira
O estudo mostra que, no
Brasil, as médicas que são mães dedicam menos tempo, cerca de 46,7 horas por
semana, às atividades profissionais, o que sugere que as jornadas duplas com o
acúmulo de responsabilidades domésticas e familiares limitam o exercício da
profissão. Já para os profissionais homens com filhos, essa média é de 55,2
horas por semana. Por outro lado, entre as médicas divorciadas ou separadas com
filhos, a jornada de trabalho remunerado sobe para 50,7 horas semanais, o que
pode indicar uma necessidade de compensação financeira frente às demandas
familiares.
“Conciliar vida pessoal
e profissional ainda é um desafio para as mulheres, que seguem acumulando
múltiplas jornadas. O ponto mais crítico encontrado nesse estudo é a diferença
salarial entre os gêneros nas horas trabalhadas. Mas essa desigualdade vai além
da remuneração: é essencial que a divisão das responsabilidades dentro de casa
seja mais equilibrada entre homens e mulheres, garantindo que o peso da jornada
doméstica não recaia majoritariamente sobre elas. Só assim podemos avançar para
condições mais justas e minimizar essas disparidades”, diz Eduardo Moura,
médico e diretor de pesquisa do Research Center da Afya.
A pesquisa entrevistou
2.637 profissionais de todos os gêneros, no período de novembro de 2024 a
janeiro de 2025. A amostra possui um nível de confiança de 95% e margem de erro
de 1,9 ponto percentual.
O peso da desigualdade
Os números do estudo
reforçam os desafios enfrentados diariamente pelas médicas, que, além da
desigualdade salarial, lidam com preconceitos de colegas de trabalho e
pacientes. Questionamentos sobre sua capacidade profissional e frases como
“cirurgia não é para você”, “prefiro ser atendido por um médico de verdade”,
“deixa que eu faço, você não vai conseguir” ou “ter filhos vai atrapalhar sua
carreira” são recorrentes e impactam diretamente suas trajetórias.
Para dar visibilidade a
essa realidade e estimular a reflexão sobre a desigualdade de gênero na
medicina, a Afya lança, nesta sexta-feira, a campanha "O peso da
desigualdade", uma iniciativa que busca ampliar o debate sobre os desafios
enfrentados pelas médicas e promover um ambiente mais equitativo no setor. Como
parte da ação, a empresa desenvolveu um experimento social, registrado em
vídeo, que ilustra de forma simbólica o impacto dessas frases na carreira das
profissionais. O conteúdo estará disponível em todas as redes sociais da Afya a
partir do dia 7 de março.
“As mulheres já são
maioria na medicina desde 2024, mas ainda enfrentam barreiras que limitam seu
avanço em especialidades de alta complexidade, remuneração e cargos de
liderança. Com esta campanha, queremos evidenciar como esses padrões culturais
impactam as escolhas profissionais e reforçar a importância de abrir espaço
para que essas vozes sejam ouvidas. O compartilhamento de experiências é
essencial para desconstruir estereótipos e promover mudanças reais no setor”,
explica Stella Brant, VP de Marketing e Sustentabilidade da Afya.
A Afya reconhece e
valoriza a força das mulheres na medicina, apoiando seu desenvolvimento
profissional. Por isso, neste Mês da Mulher, a empresa oferecerá para médicas e
alunas de medicina o acesso gratuito a dois cursos online: Finanças
Equilibradas, para impulsionar a independência financeira, e Introdução à
Inteligência Artificial para Médicos, para ampliar conhecimentos sobre inovação
na área da saúde. Mais informações estão disponíveis no site da campanha.
A pró-reitora acadêmica
do Centro Universitário São Lucas І Afya unidade de Ji-Paraná, Ana Flávia
Camargo, reforça a importância de campanhas como essa que dão visibilidade a
questões como a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. “Essa é uma
oportunidade de refletir sobre o tema e as soluções que podem ser adotadas para
contribuir com o crescimento profissional das mulheres na medicina”,
disse. Renata acrescenta que a
instituição trabalha de maneira constante para ter um ambiente acolhedor e que
proporcione a formação integral para que as futuras médicas cheguem no mercado
de trabalho preparadas para os desafios.
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