Segunda-feira, 17 de junho de 2019 - 09h12
De 1995 a 2018, 64 profissionais da comunicação foram mortos no país. Informação consta em relatório divulgado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) nesta semana. Material traz dados sobre assassinatos de jornalistas no Brasil e em todo mundo
Relatório divulgado na terça-feira, 30 de abril, pelo Conselho Nacional
do Ministério Público (CNMP) informa que 64 jornalistas, profissionais de
imprensa e comunicadores foram mortos no exercício da profissão no Brasil de
1995 e 2018. É o que mostra o documento “Violência Contra Comunicadores no Brasil: um
Retrato da Apuração nos Últimos 20 Anos”. O conteúdo foi elaborado pelo
Conselho Nacional do Ministério Público e pela Estratégia Nacional de Justiça e
Segurança Pública (Enasp).
“Hoje o Brasil é um dos países mais violentos no que diz respeito ao
ambiente de atuação dos comunicadores – nos posicionamos em sexto lugar no
ranking de nações mais perigosas para jornalistas, segundo a [Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] Unesco. Estamos atrás
apenas de países em manifesta crise institucional, política e até humanitária,
como Síria, Iraque, Paquistão, México e Somália”, diz o relatório.
De acordo com a Unesco, o Brasil é o sexto país mais perigoso do mundo
para os profissionais da comunicação. O relatório ressalta que a situação
configura “verdadeira violação à liberdade de expressão”. O material também
aponta “dificuldades estruturais notórias das Polícias Judiciárias”. A equipe
ainda diz que “muitos dos autores intelectuais desses crimes não chegam a ser
responsabilizados. A autoria por vezes sequer é identificada”.
“Essa situação de inação pode gerar a responsabilização internacional do
Estado brasileiro, pela violação de compromissos internacionais voltados a
proteção dos Direitos”, indica o relatório.
Mortes
O levantamento mostra que a maior parte das mortes ocorreu em pequenas
cidades e envolve jornalistas e comunicadores de pequenos grupos, entre eles
blogueiros e radialistas. O documento detalha as mortes e o andamento dos casos
em todos os estados. Rio de Janeiro, com 13 assassinatos, a Bahia, com sete, e
o Maranhão, com seis, foram os três estados que mais registraram casos desde
1995. Do total de casos registrados, sete não tiveram solução e outros sete
estão sem informações.
“Chama atenção a quantidade de fatos ocorridos no estado do Rio de
Janeiro, que lidera como a unidade da federação mais violenta para o trabalho
de comunicadores. Além de estar à frente em número absoluto de atos de
violência extremada, o estado fluminense foi palco de dois casos simbólicos. Os
assassinatos de Aristeu Guida e Reinaldo Coutinho”, destaca o documento.
De acordo com o documento, o ano de 2015 representou o ápice da
violência contra profissionais de imprensa. “Apesar de os anos seguintes
indicarem uma tendência de diminuição da taxa de homicídios contra esses
profissionais, o ano de 2018 voltou a apresentar taxas mais altas, quando foram
mortos quatro comunicadores no exercício de suas funções”, indica o relatório.
Segundo o estudo, a principal dificuldade para apurar esse tipo de crime
é a verificação sobre mandantes e executores. As informações foram levantadas a
partir de informações do Ministério das Relações Exteriores, que envia dados
sobre o tema à Unesco.
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