Sexta-feira, 10 de novembro de 2017 - 11h59
Daniel Mello, Pedro Peduzzi e Akemi Nitahara - Repórteres da Agência Brasil
As centrais sindicais fazem hoje (10) atos em diversos estados pedindo a revogação de alguns pontos do texto da reforma trabalhista aprovado em julho pela Câmara e que entra em vigor a partir de amanhã (11).
Em São Paulo, alguns milhares de trabalhadores estiveram na Praça da Sé, no centro da cidade, no final da manhã. Os manifestantes carregavam bandeiras, acompanhados por carros de som e balões coloridos.
“Nós queremos construir alguma coisa que seja equilibrada. Essa reforma é essencialmente empresarial, 117 artigos da cartilha empresarial. Nada contra os empresários, mas não tem nenhum artigo que tenha um foco social ou olhar sindical”, criticou o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.
Segundo o dirigente sindical, a lei tem uma série de artigos que “tiram direitos e precarizam a relação entre capital e trabalho”. Entre os pontos apontados como mais problemáticos, Patah citou o trabalho intermitente e o fim da homologação das demissões pelos sindicatos.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, disse que acredita na capacidade de mobilização dos trabalhadores para pressionar mudanças na legislação. “Mais do que nunca, acho que é possível construirmos uma grande greve. Fizemos uma com 35 milhões de pessoas, podemos fazer outra”, disse, em referência ao dia de paralisações realizado em abril.
Brasília
Na capital do país, cerca de 150 pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), participaram de uma manifestação organizada pela CUT no Espaço do Servidor da Esplanada dos Ministérios pela manhã. Tanto a PM como os organizadores classificaram o movimento como pacífico. “Além disso, como não haverá deslocamento, não foi necessário usarmos maior efetivo”, disse à Agência Brasil o sargento Franklin Lima.
De acordo com o presidente da CUT-DF, Rodrigo Brito, a ideia é montar uma “tribuna popular para as pessoas apresentarem os pontos que consideram importantes para o enfrentamento que em breve deve ocorrer por conta da aplicação da reforma trabalhista e da proposta de reforma da Previdência que está em tramitação no Congresso Nacional”. Na manifestação, a central coleta assinaturas para um projeto de iniciativa popular que pede a revogação da reforma trabalhista e contra a subcontratação de trabalhadores.
Um outro ato, organizado pelas demais centrais sindicais, está previsto para o final da tarde. Segundo Brito o que levou à separação dessas manifestações foi a discordância sobre a obrigatoriedade da cobrança do imposto sindical. “Se é que podemos dizer que houve uma coisa boa nessas mudanças, foi exatamente o fim do imposto sindical, porque quem deve decidir se vai colaborar é o trabalhador, por meio de assembleias, e não o governo”, disse o dirigente da CUT.
Rio de Janeiro
No estado do Rio, diversos atos marcaram hoje o Dia Nacional de Protestos. Um ato foi realizado perto da prefeitura da capital, com a participação de trabalhadores, desempregados e sem-teto. Eles protestam pelo direito de “se aposentar e trabalhar dignamente”, segundo o integrante da executiva da Central Sindical Popular (CSP-Conlutas-RJ), Luiz Sérgio. Ele afirmou que as manifestações também criticam a situação do estado e do município e que os servidores da saúde e da educação fizeram hoje uma paralisação de 24 horas. No fim da tarde, está previsto um ato unificado na Candelária.
Houve interrupção de trânsito no início da manhã na ponte Rio-Niterói, com incêndio de um carro; na avenida Francisco Bicalho, no Centro da capital, onde foram incendiados pneus; e na Rodovia Washington Luiz, na pista lateral sentido Juiz de Fora, na altura da Refinaria Duque de Caxias. O trânsito nos três locais foi liberado até o meio da manhã.
Os trabalhadores dos portos fizeram um ato em frente às Docas, na zona portuária do Rio, no início da manhã e realizam hoje uma espécie de “operação tartaruga”, segundo o diretor do sindicato da categoria, Walter de Paula Filho. Para ele, as mudanças terão impacto sobre os trabalhadores de operadoras portuárias, em função da implantação do trabalho intermitente. “Isso é um crime, o cara só receber quando trabalha, estão criando o desempregado exclusivo”, avaliou.
Funcionários do setor elétrico se reuniram na frente da Eletrobras, no centro, para protestar também contra a privatização da estatal. Houve ainda mobilizações de professores, trabalhadores da Casa da Moeda e profissionais da comunicação.
Frentes populares e sindicatos realizaram protestos também nas cidades de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; em Angra dos Reis, no sul fluminense; e em Campos, no norte fluminense.
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