Quarta-feira, 30 de maio de 2018 - 12h39
247 - Ciro Gomes bateu firme nos superlucros do sistema financeiro que são distribuídos como dividendos a acionistas milionários sem que seja recolhido um tostão de tributos para o país. Ontem (30), em palestra a executivos de empresas europeias, seu alvo foi o Itaú: "Uma determinada instituição brasileira, não é difícil de entender qual é, acabou de pagar a quatro famílias R$ 9 bilhões de dividendos sem dar um centavo ao Tesouro [...] Só o Brasil e a Estônia não cobram [imposto]. Se a gente tiver capacidade de avançar nisso, é possível fazer um 'trade-off' para diminuir tributação sobre consumo". Em entrevistas ao programa "Roda Viva", TV Cultura, e à Bandeirantes, ele já havia feito esse raciocínio. No Brasil, não incide qualquer imposto sobre os lucros distribuídos como dividendos a acionistas das empresas.
Embora não tenha citado o nome da instituição, Ciro se refere ao Itaú. O banco registrou um lucro líquido de R$ 24,9 bilhões no ano 2017, valor 12,3% maior que 2016. Para que se tenha uma ideia, no ano passado o orçamento toral do Bolsa Família foi de R$ 29,3 bilhões.
A maior parte do lucro coube a integrantes das três principais famílias acionistas - Setubal, Villela e Moreira Salles, que controlam pouco menos de 50% das ações do banco.
No evento de ontem, no Club Transatlântico, segundo o Valor Econômico, Ciro deu ênfase à questão da desigualdade. Após lamentar o fato de o país crescer pouco desde 1980, denunciou o que chamou de "mais perversa distribuição de renda do planeta Terra": "Cinco pessoas no Brasil acumulam renda equivalente a 100 milhões de nacionais."
Ciro aproveitou o encontro para discorrer sobre temas de seu plano de governo em fase de confecção. Defendeu "um processo rijo de reindustrialização". Falou na oportunidade de expansão da indústria de medicamentos, do setor de defesa e da produção de insumos para o agronegócio.
Em tom de indignação, reclamou do aumento da importação de derivados de petróleo que, segundo ele, poderiam estar sendo refinados no país. Após a palestra, em entrevista, disse que, se eleito, irá retomar "na hora" as obras para construção de refinarias iniciadas durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Ciro aproveitou para atacar as contrarreformas de Temer. Qualificou a reforma trabalhista como "uma porcaria" e "uma selva". Prometeu um novo projeto.
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