Quarta-feira, 12 de dezembro de 2018 - 06h56
Em votação relâmpago, deputados aprovaram na tarde de
terça-feira (11), em comissão especial, uma proposta de emenda à Constituição
(PEC) que extingue o foro privilegiado para mais de 55 mil autoridades. O texto
aguardava votação há um ano, desde que passou pela Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Câmara.
O
foro privilegiado é a prerrogativa que várias autoridades têm, em razão do
cargo que ocupam, de serem julgadas por instâncias superiores, como o Supremo
Tribunal Federal (STF), no caso dos parlamentares, e o Superior Tribunal de
Justiça (STJ), no caso dos governadores. A proposta aprovada restringe o
benefício a cinco figuras: o presidente da República e o vice; e os presidentes
da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal.
De acordo com o texto relatado pelo deputado
Efraim Filho (DEM-PB), deixam de ter foro privilegiado em crimes comuns
ministros, governadores, prefeitos, chefes das Forças Armadas e todos os
integrantes, em qualquer esfera de poder, do Legislativo, do Ministério
Público, do Judiciário e dos Tribunais de Contas.
Mais
da metade do Senado é acusada de crimes. Veja a lista atualizada dos
investigados
Um em
cada três deputados é acusado de crimes. Veja a lista atualizada dos
investigados
Por acordo entre os parlamentares presentes, não houve sequer
discussão do parecer do relator. A votação foi nominal, ou seja, não houve
declaração nominal de votos. Para entrar em vigor, a mudança constitucional
precisa ser aprovada em plenário por ao menos 308 deputados, em dois turnos de
votação. Isso, porém, só poderá ocorrer no próximo ano, já que o Congresso está
impedido de alterar a Constituição enquanto houver intervenção federal. Há duas
em andamento: uma em Roraima e outra na área da segurança público do Rio de
Janeiro.
Em
maio o Supremo restringiu o conceito do foro de deputados e senadores,
determinando o envio para instâncias inferiores dos processos que não tinham
relação com o mandato. Levantamento do Congresso em Foco divulgado
à época mostrou que praticamente um em cada três deputados e quase metade dos
senadores respondiam a acusações criminais na mais alta corte do país.
A proposta original é de autoria do senador
Alvaro Dias (Podemos-PR). Na semana passada, o Instituto Não Aceito Corrupção
entregou à comissão especial um manifesto com cerca de 715 mil assinaturas
pedindo a aprovação do texto. Se não fosse votada ainda este ano pela comissão
especial, a PEC seria arquivada e teria de voltar à estaca zero.
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