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Política - Nacional

Conta de luz banca projeto social contra 'GATOS'


Patrícia Duarte e Mônica Tavares - Agência O Globo BRASÍLIA - Ao pagar a conta de luz mensalmente, o consumidor brasileiro está bancando projetos sociais implantados este ano para evitar o desperdício de energia nos lares mais pobres do Brasil e a proliferação de redes elétricas clandestinas - os chamados "gatos". Desde janeiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) obriga as distribuidoras a investirem em programas que gerem economia de energia na população de baixa renda, usando parte de sua receita operacional líquida, o que é bancado pelos consumidores finais por meio da taxa de "pesquisa energética", que representa 0,43% da tarifa de luz paga pelos clientes. Desse percentual, 25% são destinados ao Programa de Eficiência Energética, dos quais metade, obrigatoriamente, deve ser investida em ações para a população carente. Segundo a Aneel, para aumentar a economia e reduzir as fraudes, as distribuidoras estaduais estão utilizando, em 2006, cerca de R$ 180 milhões no Programa de Eficiência Energética para as populações carentes. Por meio do programa são trocados fiação das casas, lâmpadas e até eletrodomésticos e instalações, como geladeiras e chuveiros. Ações da Light reduziram consumo A Light está destinando R$ 12,5 milhões para suas ações, que envolvem trocas de lâmpadas, adequação e legalização de clientes. Segundo a gerente de Atendimento às Comunidades da distribuidora, Márcia Coutinho, ainda está sendo avaliada a possibilidade de fazer trocas de geladeiras. Mas a empresa já comemora os resultados de ações feitas no passado, quando ainda não eram obrigatórias. Foram 120 mil clientes carentes de favelas atendidos até julho, com troca de 140 mil lâmpadas, o que diminuiu em 20% o consumo de energia dessas pessoas e reduziu a inadimplência em 12%. Já a Eletropaulo, distribuidora da Região Metropolitana de São Paulo, vai desembolsar cerca de R$ 15 milhões com as mesmas ações, e pretende regularizar 90 mil ligações. Já fez trabalhos na favela de Heliópolis e vai começar a trocar as geladeiras de alguns consumidores este mês. - Só o trabalho educacional não é suficiente. Muitas vezes, essas pessoas têm eletrodomésticos muito velhos, que consomem muita energia - afirma o gerente de regularização e retenção de clientes da Eletropaulo, José Cavaretti, lembrando que uma geladeira velha pode consumir até dez vezes mais energia do que uma nova. Segundo o diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, entre 2005 e 2006 - quando os planos das distribuidoras foram entregues - o objetivo é substituir 30 mil geladeiras e 200 mil instalações elétricas, sendo que no Sul a prioridade é trocar oito mil chuveiros elétricos por aquecedores solares. Para quem recebe o apoio das empresas, o benefício - além de ganhar uma geladeira ou um chuveiro - é diminuir sua conta de luz, uma vez que não haverá mais desperdícios. Para as empresas, isso é interessante porque pode reduzir a inadimplência e os "gatos", avalia o presidente do Comitê Gestor dos Indicadores e Níveis de Eficiência Energética, do Ministério de Minas e Energia, Paulo Leonelli. Segundo ele, em cerca de 70% dos domicílios populares, as instalações elétricas são precárias. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) lançou, semana passada, seu programa de eficiência energética (Projeto Conviver), para beneficiar 250 mil famílias na Região Metropolitana de Belo Horizonte durante cinco anos. No primeiro ano, a Cemig vai investir cerca de R$ 18 milhões para atender 50 mil famílias. Serão substituídas 156 mil lâmpadas e doados três mil instalações elétricas residenciais, três mil chuveiros e 60 geladeiras. O coordenador do projeto, Henrique Fernando Costa, diz que a partir do próximo ano a concessionária vai ampliar o trabalho para o interior de Minas, atendendo 30 mil famílias de Uberlândia, Juiz de Fora, Montes Claros e Governador Valadares. Mas não são todas as empresas que estão conseguindo realizar, em sua plenitude, o Programa de Eficiência Energética destinado à população de baixa renda. A ação da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), do Rio Grande do Sul, prevê apenas a distribuição de 282 mil lâmpadas, com investimentos de R$ 6 milhões, beneficiando 140 mil famílias.

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