Quinta-feira, 27 de julho de 2017 - 07h39
O governo central registrou um déficit primário de R$ 19,798 bilhões em junho, o pior desempenho para o mês em toda a série histórica, que tem início em 1997. O resultado, que reúne as contas do Tesouro Nacional, da Previdência Social e do Banco Central, sucede o déficit de R$ 29,371 bilhões de maio. No primeiro semestre, o resultado primário foi de déficit de R$ 56,092 bilhões, também o pior resultado da série. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era negativo em R$ 36,477 bilhões.
O resultado de junho ficou levemente pior que as expectativas do mercado financeiro, cuja mediana apontava um déficit de R$ 19,3 bilhões. O dado do mês passado ficou dentro do intervalo das estimativas, que foram todas de déficit, de R$ 27 bilhões a R$ 8,91 bilhões.
Assim como no mês passado, pesaram em junho despesas com o pagamento antecipado de precatórios, geralmente feitos no fim do ano. No acumulado dos dois meses, o valor pago foi de R$ 20,3 bilhões, sendo R$ 18,1 bilhões antecipados (R$ 10 bilhões em maio e R$ 8,1 bilhões em junho). O governo decidiu efetuar o pagamento agora para reduzir o valor gasto com correção monetária até o fim do ano. A economia é estimada de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões.
Em 12 meses, o governo central apresenta um déficit de R$ 182,8 bilhões, equivalente a 2,83% do PIB. Para este ano, a meta fiscal admite um déficit de R$ 139 bilhões nas contas do governo central. O Tesouro ressaltou, no entanto, que sem a antecipação do pagamento de precatórios o déficit seria menor, de R$ 164,7 bilhões no período.
As receitas do governo tiveram alta real de 1,4% em junho em relação a igual mês do ano passado. Já as despesas tiveram alta real de 10,5% em igual base de comparação. No primeiro semestre, as receitas do governo central recuaram 1,2% ante igual período de 2016, enquanto as despesas aumentaram 0,5% no mesmo período.
Teto. As despesas sujeitas ao teto de gastos aprovado pela Emenda Constitucional 95 subiram 7,0% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2016, segundo o Tesouro Nacional. Para o ano, o limite de crescimento das despesas do governo é de 7,2%.
Embora o total das despesas estejam previamente enquadrados no limite, alguns poderes e órgãos estão com gastos crescendo acima do teto. São os casos do Poder Legislativo (8,2%) e da Defensoria Pública da União (DPU), com alta de 18,5%.
No caso do Legislativo, tanto o Senado Federal (8,3%) quanto o Tribunal de Contas da União (12,5%) estão com avanço maior do que o permitido pela emenda constitucional. Além deles e da DPU, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) registra avanço de 10,6% em suas despesas no primeiro semestre.
Ultrapassar o teto ao longo do ano não implica penalidades ou sanções, já que o que vale para verificação do cumprimento do limite é o dado consolidado do fim do ano. (AE)
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