Ex-diretor de RH será ouvido em sindicâncias já abertas
Fábio Pozzebom/ABr

Heráclito deseja 'passar a limpo' denúncia de corrupção em contratos da era Agaciel
A Mesa diretora do Senado quer ouvir João Carlos Zoghbi sobre as acusações que fez contra o colega Agaciel Maia.
A inquirição será feita, por ordem do primeiro-secretário Heráclito Fortes (DEM-PI), no âmbito das duas sindicâncias já abertas contra Zoghbi.
Zoghbi é investigado por ter usado uma ex-babá de 83 anos como "laranja" em empresas que atuam na área de empréstimos consignados a servidores do Senado.
Ex-diretor de Recursos Humanos, ele acusou Agaciel Maia, ex-diretor-geral, de corrupção.
Zoghi falou junto com a mulher Denise, ex-servidora do Senado. O casal foi ouvido pelo repórter Andrei Meirelles. O resultado foi à web.
O casal Zoghbi contou que os contratos firmados pelo Senado com empresas fornecedoras de mão-de-obra terceirizada são portas abertas para o desvio.
A certa altura, Denise Zoghbi referiu-se a Agaciel Maia como chefe do esquema de desvios. Ela disse:
“Esses anos todos, o Senado tem dono. Um único dono. Ele [Agaciel] é sócio de todas as empresas terceirizadas”.
De Londres, onde se encontra, o primeiro-secretário Heráclito avisou a colegas de Senado que vai encomendar a audição de João Zoghbi.
Quer saber se confirma as denúncias. Em caso positivo, Heráclito disse que cogita abrir sindicância também contra Agaciel, afastado da direção-geral há dois meses.
Agaciel perdeu o cargo depois que se soube que escondera sob o nome de um irmão, o deputado federal João Maia, a posse de uma mansão.
Afora o desligamento da direção-geral, Agaciel não padeceu nenhum outro constrangimento. Continua pendurado à folha do Senado. Despacha normalmente.
Heráclito ficou especialmente incomodado com o fato de os Zoghbi terem incluído entre os nichos de malfeitorias do Senado o Interlegis.
Vem a ser um programa criado para modernizar e integrar o Congresso com legislativos dos Estados e dos municípios.
Recebe verbas do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A gestão é submetida diretamente à primeira-secretária.
Daí a preocupação de Heráclito. Assumiu o cargo em fevereiro passado. E disse a colegas que não está disposto a conviver com dúvidas do passado.
“Procura olhar o Interlegis”, disse Denise Zoghbi a certa altura da entrevista. O repórter pergunta se o ex-deputado Robson Tuma operaria nessa área.
E Denise: “O Agaciel neutralizou ele, rapaz. O Agaciel fez o [José] Sarney brigar com o [senador Romeu] Tuma [ex-secretário-geral do Senado]".
João Zoghbi ecoou a mulher: “Ninguém imaginava que o Tuma fosse tão fraco naquele momento. O Agaciel anulou o Tuma...”
“...O Tuminha [Robson Tuma] tentou ali, forçou uma situação em determinado momento. E o Agaciel neutralizou o Tuminha e deixou o Tuma desmoralizado nisso aí”.
Agaciel Maia foi à direção-geral do Senado por nomeação de José Sarney. Deu-se 14 anos atrás, na primeira das três presidências de Sarney.
Na era Agaciel, além de Tuma, passou pela primeira-secretaria Efraim Morais (DEM-PB), colega de partido de Heráclito.
Todos –Agaciel, Tuma, Tuminha e Efraim—refutam as acusações de cumplicidade com qualquer tipo de malfeito.
A despeito disso, bóiam na atmosfera as acusações do casal Zoghbi. Ouça-se, de novo Denise:
“O primeiro-secretário só trabalhava se fosse na cartilha do Agaciel. Todos fecharam com ele. Vai no Interlegis”.
Agora, o marido: “Outra ponta para puxar envolve o Interlegis. Ali é dinheiro de recurso internacional, de empréstimo do BID, que não passa pelo processo licitatório...”
“...Teve uma contratação de R$ 10 milhões de um censo que foi feito diretamente por eles nesse processo. E mais: o Interlegis é todo minado”.
A julgar pelos telefonemas que disparou de Londres para Brasília, neste sábado (2), Heráclito parece decidido a se desarmar as minas.
Fonte: Josias de Souza / Jornal Folha Online

Terça-feira, 22 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)