Quarta-feira, 4 de outubro de 2017 - 17h44
247 com Reuters - A defesa do presidente Michel Temer recorreu ao discurso de uma nova tentativa de golpe na defesa entregue nesta quarta-feira à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e acusou o ex-procurador da República Rodrigo Janot de tentar depor o peemedebista.
O advogado de Temer, Eduardo Carnelós, afirmou, ao entregar a defesa na Secretaria da CCJ, que a denúncia "é uma das mais absurdas acusações de que se tem notícia na história do Brasil".
"Trata-se de uma peça absolutamente armada, baseada em provas forjadas feita com objetivo claro e indisfarçado de depor o presidente da República, constituindo portanto uma tentativa de golpe no Brasil", disse. "A obsessão de Rodrigo Janot, seu mal agir, foi antiético, imoral, indecente e ilegal!", diz a defesa de Temer.
Na sequência da estratégia de elogiar a atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, inaugurada por Temer na última segunda-feira, Carnelós comemorou a substituição de Janot.
"Só temos a dizer que ainda bem que esse tempo passou, ainda bem que agora já não há mais à frente do Ministério Público Federal quem esteja disposto a depor o presidente da República contra a norma constitucional e o ordenamento jurídico", afirmou.
Na segunda-feira, depois que a procuradora-geral pediu que Temer fosse ouvido no inquérito que apura seu envolvimento em corrupção na edição de um decreto sobre portos, Temer elogiou a postura de Dodge, afirmou que iria falar no inquérito e afirmou que era "muito bom que a PGR agora tenha uma nova postura, sem querer parar o Brasil com denúncias vazias e irresponsáveis".
Um dos aliados mais próximos de Temer, o ministro da Secretaria-geral da Presidência, Moreira Franco, também usou o Twitter para elogiar Dodge pela mesma razão.
Na primeira denúncia, a Polícia Federal enviou uma lista de perguntas por escrito para que Temer prestasse esclarecimentos, mas o presidente recusou-se a responder.
Carnelós repetiu o discurso já adotado de que a denúncia é "inepta" e baseada apenas nas palavras de delatores "que fizeram um grande negócio atendendo os interesses do então procurador- geral, que queria acusar o presidente e sem ter provas conseguiu que os delatores dissessem aquilo que lhe interessava".
O presidente enfrenta uma denúncia de organização criminosa e obstrução de Justiça, apresentada por Janot. Para que Temer possa ser processado, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) precisa de autorização da Câmara para julgar a denúncia.
Carnelós disse ainda contar com a ação da CCJ em barrar a segunda denúncia, como fez na primeira, porque não faria sentido autorizar uma denúncia que, segundo ele, está recheada de vícios, e inconsistências.
Na defesa, Carnelós alega que Temer está sendo penalizado pelo que se trata da "simples exercício da atividade política", como acordos partidários e negociações para a aprovação de projetos.
"O 'arqueiro' resolveu buscar em outro bambual material para suas flechas, sem imaginar que os petardos que disparara antes teriam efeito bumerangue e acabariam por revelar os putrefaço meios de que se valera para alvejar Temer", disse o advogado em uma nota com resumo da defesa entregue à imprensa.
Dois meses e meio antes de deixar o cargo, ao ser questionado se ainda haveria novas denúncias contra o presidente, Janot respondeu que "enquanto houver bambu, lá vai flecha".
Os ministros da Casa Civil, Elipse Padiola, e da Secretaria-geral da Presidência, Moreira Franco, também entregaram hoje suas defesas.
A partir de agora, a CCJ terá cinco sessões para instruir o processo e colocar em votação o pedido sobre se autoriza ou não o Supremo Tribunal Federal a julgar Temer, Padiola e Moreira Franco. Depois disso, a decisão ainda precisa ser votada pelo plenário da Câmara. A previsão é que isso aconteça até o final do mês.
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