Quinta-feira, 29 de junho de 2017 - 11h02
247 - A presidente legítima Dilma Rousseff voltou a se manifestar nas redes sociais nesta quinta-feira 29, desta vez para confirmar que a situação brasileira é mais esdrúxula do que simplesmente ter o primeiro ocupante da presidência denunciado por corrupção - no caso, Michel Temer.
Dilma lembrou, em sua conta no Twitter, o discurso feito ontem pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), quando entregou o cargo de líder do PMDB, e afirma que o Brasil, na verdade, é governado pelo presidiário Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que daria ordens em Temer da cadeia.
"Senador Renan Calheiros confirma o que sempre denunciamos: Eduardo Cunha levou a cabo o golpe para governar por trás de Temer, até da cadeia", postou Dilma Rousseff. "Cabe ao STF julgar a flagrante ilegalidade do impeachment que propiciou o absurdo de termos um governo dirigido desde a cadeia", acrescentou.
Leia mais na reportagem da Reuters sobre o discurso de Renan:
Renan diz que não tem vocação para "marionete" e deixa liderança do PMDB
BRASÍLIA (Reuters) - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) renunciou nesta quarta-feira à liderança do PMDB na Casa, alegando não ter vocação para "marionete", e afirmou que o presidente Michel Temer não tem credibilidade para conduzir as reformas trabalhista e da Previdência, que considera "exageradas" e "desproporcionais", num discurso que buscou provocar mais desgaste ao governo.
Renan deixou o comando da bancada, majoritariamente favorável às reformas que o governo vem conduzindo --especialmente à trabalhista--, voltou a criticar o governo por ser "comandado" por Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, preso na operação Lava Jato, e recomendou que Temer renuncie.
"Devolvo agradecido aos meus pares o honroso cargos que me confiaram", disse o senador.
"Ontem mesmo fiz questão de reiterar o que já havia dito em outro momento, não seria jamais líder de papel, nem estou disposto a liderar o PMDB atuando contra os trabalhadores e os Estados mais pobres da Federação", acrescentou Renan.
Ao afirmar que a impossibilidade de senadores promoverem mudanças na reforma trabalhista para evitar que ela tenha que passar por uma nova votação na Câmara "degrada o bicameralismo", Renan argumentou que não poderia permanecer na liderança sob a pena de "ceder" a um governo que trata o PMDB como um "departamento do Executivo".
O senador sugeriu ainda que se instalou em seu partido um ambiente de "perseguição", "intrigas" e "ameaças" contra quem "não reza a cartilha governamental".
"Cabe-nos aceitar a situação ou reagir a ela", disse o senador. "Não tenho a menor vocação para marionete", afirmou.
"Sinceramente, não detesto Michel Temer. Não é verdade o que dizem, longe disso. Não tolero é a sua postura covarde diante do desmonte da consolidação do trabalho."
Já há alguns meses Renan tem feito duras declarações contra as reformas e o governo, que chegaram a incomodar, levando o líder do governo no Senado e presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), a colher apoio entre peemedebistas para tirar Renan do posto. Mas prevaleceu a avaliação, na ocasião, de que não valeria a pena criar um foco de desgaste com uma troca de liderança.
O cenário mudou na terça-feira, quando Jucá e Renan protagonizaram um bate-boca no plenário do Senado, iniciado quando o líder do PMDB afirmou que Temer não tinha "legitimidade" para propor reformas no momento que é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Renan disse ser um "erro" do presidente achar que poderia governar sob influência de um "presidiário" (Cunha), além de ameaçar que poderia trocar as indicações da Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde deve ser votada nesta quarta-feira a reforma trabalhista. O senador acrescentou que se fosse para defender essa proposta, preferiria renunciar ao cargo.
Jucá, relator da reforma na CCJ, rebateu Renan, defendeu a aprovação do texto e disse que, ao contrário do que alegara o líder peemedebista, a proposta não retira direito dos trabalhadores. O governo tenta aprovar a reforma na comissão nesta quarta-feira a fim de dar um sinal de que não está fragilizado.
Em seguida, o líder do governo reuniu-se com Temer, de quem recebeu o aval para se movimentar pela troca da liderança.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)
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