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Política - Nacional

Dilma diz que ministros devem ser 'seres anfíbios, técnicos e políticos'


Adauri Antunes Barbosa - Agência O Globo SÃO PAULO - A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse, neste sábado, durante a reunião do diretório nacional do PT, que a composição do ministério do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva levará em conta a combinação das características política e técnica. De acordo com a ministra, que falou com a autoridade de quem vai continuar no cargo, administrar um país "com recursos escassos requer decisões políticas, clareza política, compromisso político", dando o tom de qual deve ser o perfil do ministério Lula no segundo mandato. - Tenho clareza que administrar um país com recursos escassos requer decisões políticas, clareza política, compromisso político. Ninguém, só com técnica, decide que a população brasileira mais pobre seja incorporada à sociedade. Ninguém, só com critérios técnicos, prioriza saneamento como estrutura social fundamental para mudar o perfil das crianças brasileiras, diminuir mortalidade, diminuir o gasto com doença. Então, em um governo é importante ter a competência técnica, mas nenhum de nós pode voltar para trás, que é o atraso, e achar que um dirigente, um gestor, é só um técnico. O gestor tem de ter sensibilidade política e social e tem de estar de fato em compasso com o seu país, a cultura do seu país. Ele tem de ter essa visão, caso contrário nós poderíamos constatar um conjunto de técnicos de qualquer país do mundo e transformá-los em ministros. Isto não é admissível. E essa é uma questão que, muitas vezes, eu acho é tratada de forma artificial. Acho que o mérito do Brasil é que nós todos, ou os ministros todos, têm de ter compromiso com o seu país, com a sua gente, com a sua cultura e com o seu desenvolvimento, senão nós não poderíamos ser ministros - disse Dilma. De acordo com Dilma, o cargo de ministro "normalmente deve ser de "um ser anfíbio, técnico e político". Quanto foi perguntada se os critérios políticos não poderiam atrapalhar o novo governo, Dilma lembrou de sua história pessoal, como presa no regime militar. - Eu não estava fazendo nada de técnico quando eu fiquei presa aqui na Rua Tutóia, na Operação Bandeirantes - disse, lembrando que foi presa em 16 de janeiro de 1970, na mesma rua em que fica o hotel onde o PT faz sua reunião. - Eu acho que fiquei um mês e meio. Uma das formuladoras políticas do governo Lula, Dilma Roussef disse que o objetivo do segundo mandato de Lula será transformar a relação entre partidos em um programa de realizações que vise o desenvolvimento do país, fazendo as "necessárias reformas" e ao mesmo tempo qualificando essa relação no sentindo de tornar os partidos responsáveis pela gestão do governo. - Um ministro ou uma pessoa que participa do governo tem co-responsabilidade pelo conjunto do governo e isso que nós estamos conceituando como coalizão programática. Isso nada tem a ver com espaços ou discussões sobre participações individuais dessa ou daquela pessoa, desse ou daquele partido. É um novo método, inclusive um aprofundamento da democracia brasileiro e de fortalecimento dos partidos. Segundo ela, a abertura de mais espaços no governo para partidos que comporão a coalizão que vai governar o país não vai "desqualificar"o PT, mas não garantiu que o partido continuará com a mesma participação. - No método de coalizão programática aumentam os espaços dos partidos que serão da base do governo. Isto não significa que vai haver uma desqualificação da participação do PT. O PT hoje no governo teve espaços muito significativos. A ministra respondeu ainda aos jornalistas sobre as razões de o país não ter crescido no primeiro mandato. - O primeiro mandato tem uma característica: nossa margem de manobra era zero. Nós estávamos em um processo de diminuição do risco Brasil. Nós não tínhamos como, inclusive em alguns momentos logo no começo, uma situação de bastante fragilidade. Nós criamos as margens de manobra pra que nós pudéssemos dar o salto maior - disse. Ela ainda justificou o fato de o país não ter crescido mais, lembrando das dificldades econômicas que tiveram que ser superadas. - Discordo que nós não crescemos no primeiro mandato. Nós crescemos sim! Abaixo do que nós esperávamos. E isso também tem a ver com o fato de que nós estávamos em um momento de saída de um processo de crise. Não só tínhamos um problema sério nas contas públicas, por déficits fiscais e por superávits insuficientes, mas nós tínhamos um processo inflacionário tomando conta novamente do país. Nós tivemos um grande esforço, e acho que foi a grande realização do primeiro mandato, inequívoco, foi a construção da nossa robustez em relação a flutuações externas - disse Dilma.

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