Segunda-feira, 11 de dezembro de 2017 - 12h18
Começa hoje (11), em Brasília, e vai até a próxima quarta-feira (13), a 8ª edição da Expocatadores, evento itinerante que reúne catadores de materiais recicláveis de 26 estados brasileiros e de mais de 14 países da América Latina, Ásia, África e Europa.
A edição deste ano da exposição tem como tema “Reciclagem Popular: o papel dos catadores na defesa do planeta” e espera um público de cerca de 1500 pessoas. O encontro é um dos principais eventos organizados na temática de resíduos sólidos urbanos e educação ambiental do Brasil.
A Expocatadores ocorre anualmente e tem como objetivo promover a mobilização dos catadores de materiais recicláveis, divulgar novas tecnologias no segmento, promover integração na implantação Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), além de divulgar experiências que cooperam com a coleta seletiva, logística reversa e outras questões que envolve a cadeia de reciclagem.
“O encontro pretende reafirmar a importância do catador de resíduos sólidos urbanos como profissional protagonista na cadeia de reciclagem e promover a imagem das organizações de catadores como unidades coletivas de negócios e portadoras de capacidade técnica para atuar nas diferentes etapas do processo da reciclagem”, afirmou o representante da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat), Roberto Rocha.
A Expocatadores é organizada pelo Ancat e parceiros e defende lutas por políticas públicas de inclusão social e produtiva na categoria de catadores de material reciclado. A programação do pode ser conferida no site.
Dados
Os brasileiros jogam fora diariamente 76 milhões de toneladas de lixo, das quais 30% poderiam ser reaproveitados, e, no entanto, apenas 3% vão para a reciclagem. O trabalho do catador e das cooperativas é fundamental para PNRS. “Pela mão do catador, passam cerca de 90% do material, que chega a indústria para reciclagem,” disse o membro da coordenação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Carlos Alencastro Cavalcante.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Brasil deixa de ganhar cerca de R$ 8 bilhões anualmente por não reciclar os resíduos que são gerados pela população e as empresas. “Tem um grande potencial a ser explorado. Nós [catadores] somos um dos principais elos para esse processo ocorrerr”, disse Cavalcante.
PNRS
De acordo com o Decreto 7.404, que regulamentou a Lei 12.305/2010, e que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, foi estabelecido princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, as responsabilidades dos geradores, do poder público, e dos consumidores, bem como os instrumentos econômicos aplicáveis.
Além dessas questões, a lei estabelece uma diferenciação entre resíduo e rejeito, em claro estímulo ao reaproveitamento e reciclagem dos materiais, admitindo a disposição final apenas dos rejeitos. Inclui, entre os instrumentos da política, as coletas seletivas, os sistemas de logística reversa, e o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e outras formas de associação dos catadores de materiais recicláveis.
A lei faz valer conceitos voltados para a reciclagem e sustentabilidades, tais como: princípios da prevenção e precaução, do poluidor-pagador, da eco-eficiência, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, do reconhecimento do resíduo como bem econômico e de valor social, do direito à informação e ao controle social, dentre outros, mas para Cavalcante, ainda há muito a se fazer.
“O modelo brasileiro de trabalho dos catadores é uma referência e está sendo levado para outros países. No entanto, sob o ponto de vista da implementação da política nacional, ainda estamos muito a quem da efetivação dessa política”
De acordo com o movimento, no mundo hoje existem cerca de 15 milhões de catadores e catadoras.
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