Domingo, 28 de janeiro de 2007 - 19h47
José Carlos Mattedi
Agência Brasil
Brasília - Para um dos pesquisadores da Unifesp, Elisaldo Carlini, o bom resultado das pesquisas que indicam queda no consumo de cigarro entre jovens se deve, em grande parte, à proibição da propaganda de tabaco na mídia brasileira com a lei nº 10.167, que completou seis anos no dia 27 de dezembro de 2000.
Pode ter havido outras motivações que levaram a uma diminuição no consumo ou na sua estabilização. Mas não tenho dúvidas que a proibição da propaganda foi fundamental para os resultados, enfatiza Carlini. Além dele, trabalharam nas pesquisas: José Carlos Galduroz, Arilton Martins Fonseca e Ana Regina Noto.
A propaganda de cigarro era bastante insinuante, ligada ao sucesso pessoal e a fatores como status econômico. Isso influenciava, principalmente, a camada jovem, ressalta Carlini.
Já o primeiro estudo que fizemos em 1987, também com estudantes mas em 27 capitais, mostrava que 22,4% haviam experimentado tabaco, número esse que subiu para 32,7% dez anos depois, num aumento de 50%, sublinha, sugerindo que caso a proibição não fosse aprovada, os dados atuais seriam acentuados. O dado de 2005, de 21,7%, é menor do que o de quase 20 anos atrás, pontua.
O número caiu tanto entre os meninos como entre as meninas. Nos primeiros, a queda foi de 36% (1997) para 21,9%. Na outra faixa, de 31,9% para 21,3%. Entre os pré-adolescentes (12 a 14 anos) também houve diminuição: de 13,8% para 8%.
A lei n.º 10.167/2000 restringe a publicidade de produtos derivados do tabaco à afixação de pôsteres, painéis e cartazes na parte interna dos locais de venda. Proíbe, conseqüentemente, em revistas, jornais, televisão, rádio e outdoors, inclusive internet. Também proíbe a propaganda indireta contratada, também denominada merchandising, e a propaganda em estádios, pistas, palcos ou locais similares, além de patrocínio de eventos esportivos nacionais e culturais.
Como o Brasil, outros países também proibiram ou fizeram sérias restrições à propaganda do cigarro, como Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Austrália, Bélgica, Noruega e Suécia. Outros quatro países proibiram totalmente a propaganda do cigarro: Nova Zelândia, Noruega, Finlândia e França, e conseguiram reduzir o consumo do produto em 21%, 26%, 37% e 14%, respectivamente.
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