Sábado, 20 de janeiro de 2007 - 16h32
NAIRÓBI, Quênia - Cerca de 10 mil pessoas, segundo os organizadores, fizeram uma grande caminhada neste sábado num dos maiores bairros da periferia africana para abrir o Fórum Social Mundial.
O evento, que foi criado em 2001 como contraposição ao Fórum Econômico Mundial - evento da elite econômica do mundo realizado anualmente em Davos, na Suíça - vai ser realizado pela primeira vez num país africano, o Quênia.
Neste ano, o novo palco deu ao Fórum Social Mundial cores, paisagens e discussões novas, em torno de uma temática recorrente ao encontro: o antiamericanismo e a luta contra o neoliberalismo.
Meninos de rua pedindo dinheiro, homens sobre camelos e mulheres com vasos d'água na cabeça ilustraram a marcha de abertura realizada em Kibera, bairro pobre que dá nome à maior favela da capital queniana Nairóbi, com 800 mil habitantes.
As estimativas dos organizadores é de mais mais de 150 mil pessoas formarão essa aldeia antiglobalização, que começou a se formar neste sábado no Centro da capital.
A cerimônia de abertura, longe do tom político que dominou a rodada de Caracas, na Venezuela, no ano passado, com a participação intensa do presidente Hugo Chávez, deu espaço aos problemas do continente - que, na avaliação dos ativistas, são comuns aos países periféricos.
Representando suas regiões, ativistas enunciavam os problemas que cada uma enfrenta. A representante indiana, Nadit Acha - uma das idealizadoras do fórum em Bombaim, no ano passado, puxou coro ã insatifação contra o presidente americano George Bush. Manifestantes carregavam cartazes com o rosto dele, pedindo o fim da interferência americana nos conflitos no Oriente Médio.
O brasileiro Francisco Whitaker, um dos idealizadores do fórum desde suas edições em Porto Alegre, fez um discurso em que enumerou as expectativas dos participantes em relação ãs mudanças sociais:
- Todo mundo que está aqui quer outro mundo. Todos sabem que é possível um mundo sem dominação, mas com respeito, sem concentração, com igualdade, sem guerras neoliberais, com a paz, sem corrupção, medida a dinheiro, com riqueza, medida por valores morais - disse Whitacker, no discurso para a platéia em inglês.
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