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Política - Nacional

Governador quer mulheres em 50% dos cargos comissionados


Isonilda Souza - Agência O Globo GOIÂNIA - Goiás deve ser o primeiro estado a promover a igualdade entre os sexos. Pelo menos é o que promete fazer o governador reeleito, Alcides Rodrigues (PP), na distribuição dos cargos comissionados do Executivo. Numa decisão inédita, ele garante que, a partir de 1º de janeiro, metade das 419 vagas de primeiro, segundo e terceiro escalões do governo serão ocupadas por mulheres. - É uma promessa de campanha. Até o dia da posse estaremos anunciando os componentes dos respectivos cargos indicados e volto a reafirmar que 50% deles serão ocupados por mulheres - disse em entrevista ao GLOBO. Cidinho, como o governador é mais conhecido, fez a promessa ainda na campanha do primeiro turno, quando aparecia em ampla desvantagem nas pesquisas diante de seu adversário, o senador Maguito Vilela (PMDB). Numa reviravolta eleitoral, ele foi para o segundo turno com sete pontos sobre seu adversário e venceu a disputa com 57,2% dos votos válidos contra 42,8% de Maguito. O governador não admite que a idéia tenha caráter eleitoral, mas reconhece que pesou em sua decisão o fato de 51% do eleitorado goiano serem mulheres. - É uma questão de justiça porque, afinal de contas, as mulheres compõem mais da metade não só do eleitorado, mas da população de nosso país e de nosso estado. Além disso, muitas já participam de nosso governo com desempenho excelente, então decidi contemplá-las com metade dos cargos em comissão - justificou. Segundo a Agência Goiana de Administração e Negócios Públicos (Aganp), o governo tem 54 cargos de primeiro escalão, tradicionalmente disputados pelos partidos aliados. Na lista estão 18 secretarias ordinárias - aquelas que têm abrangência e atuação definidas por lei -, 5 secretarias extraordinárias, que assumem tarefas temporárias designadas pelo governo, 11 presidências de agências e empresas, duas presidências de fundações e 18 presidências de autarquias. Há ainda 365 vagas de segundo e terceiros escalões que incluem chefias de gabinete, gerências, diretorias e superintendências. Atualmente, somente 79 ou menos de 20% dos cargos são ocupados por mulheres. Para atingir a cota feminina ainda faltam 130 vagas. No primeiro escalão, apenas três dos 27 cargos destinados a elas são comandados por mulheres: as secretarias de Educação e de Cidadania, e a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), sob comando da primeira-dama do estado, Raquel Rodrigues. Divisão do bolo Apesar da disposição do governador, aliados consultados afirmam que não será fácil cumprir a promessa. É que os postos mais disputados serão distribuídos entre os 12 partidos que apoiaram a reeleição de Cidinho no primeiro e no segundo turnos, após consultas a presidentes de partidos e às bancadas eleitas para a Câmara dos Deputados e para a Assembléia Legislativa, além do senador eleito Marconi Perillo (PSDB). - É impossível cumprir essa promessa porque os indicados serão aqueles que ajudaram na campanha, que são na maioria homens. Infelizmente, a participação política feminina ainda é pequena e fica difícil observar essa questão de gênero - explica um deputado aliado. O governador acredita, contudo, que não terá dificuldades para preencher a cota feminina. Segundo ele, a escolha será feita seguindo os critérios de competência e vontade de trabalhar, e não apenas pelo peso político. - Já temos diretoras, superintendentes e gerentes que estão nos ajudando no governo. Agora as mulheres terão participação mais efetiva em número - afirma Alcides. O ex-coordenador da campanha do governo, Fernando Cunha (PSDB), cotado para ocupar a Secretaria de Governo, acha que será fácil encontrar mulheres capacitadas. - Tem muita mulher competente por aí - aponta. Porém, reconhece que será difícil fazer a divisão de fatia maior do bolo entre elas sem contrariar os homens aliados. Uma saída em estudo pelo governador seria abrigar as quatro deputadas eleitas pela base aliada em cargos comissionados, abrindo vagas para suplentes homens tanto na Câmara quanto na Assembléia Legislativa. Com isso, ele abre espaço para indicações masculinas no Legislativo que também dispõe de cargos em comissão. Cidinho já está discutindo a formação da equipe, mas evita citar nomes ou cargos que seriam destinados à ocupação feminina. Só no fim de dezembro devem sair as mudanças, para dar tempo de acomodar as disputas dos partidos. Uma estratégia que pode ser adotada por ele é fazer a reforma gradativamente. Aliados mais próximos do governador lembram que a tática do "conta-gotas" foi adotada quando ele assumiu o governo, em abril.

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