Quinta-feira, 23 de abril de 2015 - 09h05
A polêmica envolvendo a entrega da medalha da Inconfidência ao dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, em Ouro Preto, tomou grandes proporções nesta quarta-feira (22) nas redes sociais, nos veículos de comunicação e na Assembleia Legislativa.
Por meio de carta aberta ao governador Fernando Pimentel (PT), o juiz Mozart Hamilton Bueno, que recebeu a medalha da Inconfidência em 1982, época em que Francelino Pereira dos Santos era governador do Estado, declarou que irá devolvê-la. “A condecoração deixou de ser objetiva e passou a ser partidária. Discordo da condecoração”, criticou Mozart em entrevista ao Hoje em Dia.
Em trechos da carta, o juiz diz que não quer ser comparado a Stédile. “Respeito a escolha de Vossa Excelência por essa atitude, mas me recuso ao nivelamento a que estão submetidos os nomes de grandes brasileiros que também foram distinguidos pelos governadores que lhe antecederam”.
No Legislativo, o clima esquentou em Plenário quando o tucano João Leite anunciou que o bloco de oposição havia protocolado um projeto de resolução com o objetivo de sustar os efeitos da medalha concedida a Stédile. “Essa comenda perdeu o valor para mim, banalizaram a medalha. Vou devolver a minha, que recebi em 1997 do governador Eduardo Azeredo (PSDB)”, afirmou.
Os ânimos se exaltaram quando o deputado Arlen Santiago (PTB) mandou o petista Rogério Corrêa, que defendia a comenda, ficar quieto. O conflito beirou à agressão na Casa. “Venha calar minha boca se for homem”, retrucou Corrêa.
O secretário de Governo, Odair Cunha, classificou a iniciativa da oposição como um “ato de intolerância”. “São gestos que não se coadunam com o espírito da liberdade de Minas, que preza a tolerância. A homenagem, mais do que a uma pessoa, foi feita ao conjunto de trabalhadores do campo”, disse.
Sociedade Rural diz que governador emite ‘sinais confusos’
A Sociedade Rural Brasileira reprovou, em nota, a entrega da medalha a Stédile. A entidade informou que “se solidariza com os atos de repúdio à iniciativa do governador, que causa desconsolo à sociedade e denigre o propósito da honraria”. O texto menciona que a atitude do governador emite sinais confusos à sociedade brasileira sobre prosperidade e determinação.
A homenagem também motivou uma nota de protesto de entidades mineiras assinada pela Faemg, ACMinas, CDL, Ciemg, Fecomércio, Federaminas, Fetcemg, Fiemg, Ocemg e FCDL.
Já o líder do governo na Assembleia Legislativa, Durval Ângelo (PT), avalia que o projeto de resolução protocolado pelo bloco de oposição “Verdade e Coerência” para sustar os efeitos da medalha concedida ao líder do MST não terá efeito prático.
Segundo ele, o projeto deverá ser arquivado. “Um decreto legislativo somente pode tratar de ato de exclusiva competência do governador, o que não é o caso da medalha da Inconfidência, concedida por um Conselho da Medalha formado por secretários, presidente da Assembleia, representantes do Corpo de Bombeiros, polícias Civil e Militar e da Prefeitura de Ouro Preto”.
“Nasce um novo episódio da história mineira: o banditismo apoiado pelo governo”
Trecho do editorial veiculado pelo Grupo Bandeirantes
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