Segunda-feira, 19 de março de 2018 - 21h30
(IHU On-Line) A violência, cada vez mais, é pesquisada no Brasil. No que tange às periferias, no entanto, falta um detalhe importante: ouvir. “Vale a pena o esforço de escuta sobre o que as pessoas dizem. Todas as pessoas. É imprescindível ouvir as pessoas que estão direta ou indiretamente implicadas na vida das periferias para estabelecermos os contornos de o que é pertinente e o que não é para tudo o que discutimos”, destaca Daniel Hirata. Sem isso, “podemos ficar sem entender o que é mais importante e sem conseguir dar respostas ao principal, que é o fato de o Brasil ser um país onde se mata e morre muito”.
Hirata, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line estabelece uma espécie de genealogia do controle das periferias. A começar pelos anos 1990, quando os policiais eram amigos dos comerciantes mais estabelecidos nos bairros, ao mesmo tempo em que se relacionavam com os chamados pés de pato – “justiceiros, herdeiros históricos dos famosos grupos de extermínio dos anos 1970/80”.
Dessas relações emanava a gestão da ordem do bairro. Sem melindres, colocavam na linha ou matavam “vagabundo” e “malandro”. Ao mesmo tempo, “tinham uma certa coerência: moral do trabalho, respeito à família e aos mais velhos, o fascínio da ordem”. Conforme Hirata, “é o velho conservadorismo autoritário com cara de extermínio que sempre assolou as periferias de São Paulo”.
Nas cadeias, havia um espelhamento, e o convívio era dividido por bairro, por quebrada. “Essas quadrilhas foram se organizando para matar os pés de pato fora/dentro das cadeias. E mataram”, afirma. “Não dependiam dos comerciantes para pagar pelas execuções ou pela proteção, não dependiam dos policiais para fazerem a sua proteção em troca de outras mortes.” Desta forma, o negócio do crime cresceu. O Primeiro Comando da Capital – PCC, “como grupo prisional, produz uma articulação dessa história interna à cadeia, e essa história das ruas, das quebradas”. Funcionou como amplificador das demandas dos prisioneiros e das quadrilhas. Isso explica o lema “paz entre os ladrões e guerra com a polícia”.
Daniel Hirata (Núcleo de Estudos da Violência - NEV/USP)
Daniel Hirata é doutor e mestre em Sociologia e graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo – USP. Realizou estágio pós-doutoral na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Leciona na Universidade Federal Fluminense – UFF. É pesquisador do Núcleo de Estudos de Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU-UFRJ); do grupo Cidade e Trabalho do Laboratório de Pesquisas Sociais (LAPS-USP); e do Núcleo de Pesquisas em Economia e Cultura (NUCEC-UFRJ).
Confira a entrevista completa de João Vitor Santos AQUI.
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