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Política - Nacional

Indústria brasileira veta soja produzida na amazônia


Agência O Globo

A indústria brasileira de óleos vegetais anunciou hoje que não comprará soja cultivada na floresta amazônica, em uma iniciativa inédita cujo objetivo é combinar "a preservação do meio-ambiente com o desenvolvimento econômico".

A Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) "estão comprometidas em implantar um programa que objetiva a não comercialização da soja da safra que será plantada a partir de outubro de 2006, oriunda de áreas que forem desflorestadas dentro do Bioma Amazônico" afirmam em comunicado conjunto.

O anúncio foi dirigido aos mercados nacional e internacional, segundo o presidente da Abiove, Carlo Lovatelli. - Quem manda é o mercado. Os clientes internacionais, especialmente os da Europa, exigem novas regras - afirmou. A agricultura industrial, a pecuária e a exploração de madeira são as principais causas do desmatamento da floresta amazônica, cujo ritmo chega a 20 mil quilômetros por ano, segundo números oficiais.

A iniciativa terá duração de dois anos, período durante o qual o setor se compromete a trabalhar em conjunto com o Governo brasileiro, entidades privadas e a sociedade civil, destaca o comunicado. O programa propõe um sistema de mapeamento e monitoramento do ecossistema amazônico com estratégias "para motivar e sensibilizar" os sojicultores sobre o problema.

O Brasil é um dos principais exportadores mundiais de soja e os produtores estão sob constante pressão de grupos de defesa do meio-ambiente e de camponeses sem-terra. As nova regras "são um sinal para o produtor que pensa em abrir áreas (de agricultura) em regiões de floresta: Não vamos comprar essa soja", afirmou Lovatelli.

Os empresários pedem ao Governo que defina e aplique políticas públicas sobre o uso da terra na região amazônica. Nos últimos anos, os cultivos de soja se expandiram aos estados do norte do país, graças ao desenvolvimento genético de novas variedades da semente oleaginosa adaptadas aos climas tropicais.

A produção de soja e seus derivados é a principal fonte de divisas do Brasil, e envolve mais de 240 mil agricultores. Os empresários prevêem uma produção de 56,100 milhões de toneladas de grãos na safra 2006-2007, contra 53,053 milhões de toneladas no período 2006-2006. As exportações previstas de soja em grão alcançarão 25,2 milhões de toneladas, frente aos 22,389 milhões da temporada anterior.

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