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Política - Nacional

Jovens são mais de 45% dos desempregados, mostra Dieese


Aguinaldo Novo - Agência O Globo SÃO PAULO - De cada quatro pessoas que integram a População Eonomicamente Ativa (PEA) nas grandes regiões metropolitanas do país, uma tem entre 16 e 24 anos de idade. Essa proporção é outra quando se considera apenas o número de desempregados. Num universo com 3,241 milhões de trabalhadores sem emprego com mais de 16 anos, 1,473 milhão estão na faixa etária entre 16 e 24 anos, o correspondente a 45,5% do total. Esta é uma das conclusões do estudo "A ocupação dos jovens nos mercados de trabalho metropolitanos", divulgado nesta quarta-feira pelo Dieese. Elaborado a partir de dados do Ministério do Trabalho até 2005 e pesquisas próprias do Dieese em parceria com a Fundação Seade, o trabalho mapeou a situação dos jovens no Distrito Federal e em cinco capitais do país - São Paulo, Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Salvador (BA). A força de trabalho nessas seis regiões foi calculada em 18,489 milhões ao final do ano passado. Destes, 4,629 milhões (equivalente a 25%) eram jovens entre 16 e 24 anos. Apesar dessa participação expressiva na PEA, os jovens responderam por uma parcela menor do total de pessoas ocupadas. Eles foram calculados em 3,157 milhões, para um contingente de 15,248 milhões de trabalhadores em atividade, o que equivale a 20,7%. "Neste contexto, a falta de perspectiva profissional para a juventude se destaca como um dos principais fatores de desagregação social no período atual brasileiro. Entre os jovens, as maiores taxas de desemprego foram observadas, principalmente, entre aqueles entre 16 e 17 anos e entre os do sexo feminino" - avalia o Dieese. Pelo estudo, em 2005 a proporção de mulheres ocupadas entre 16 e 24 anos ficou abaixo da dos homens na mesma faixa etária em todas as regiões pesquisadas pelo Dieese. Os menores percentuais foram encontrados em Recife - onde 41,1% dos ocupados eram mulheres - e em Porto Alegre - com índice de 42,9%. Em São Paulo, as jovens respondiam por 45,1% dos ocupados. A procura por uma colocação no mercado de trabalho tem atrapalhado, na maioria dos casos, o esforço para dar continuidade aos estudos. A proporção de jovens ocupados que apenas trabalhava foi maior que a proporção dos que conseguiram conciliar as duas atividades. Em São Paulo, 70,1% dos jovens tiveram de abandonar os estudos para manter o emprego. Em Porto Alegre e Recife, o índice é de 67%. Essa situação é ainda mais desfavorável no caso dos jovens de famílias de baixa renda. Em 2005, entre 69,4% (Salvador) e 78,9% (Distrito Federal) dos jovens ocupados que pertenciam a famílias de menor poder aquisitivo somente trabalhavam. No caso dos jovens oriundos de famílias com melhor renda mensal, a proporção dos que deixaram os estudos variava de 46,8% (Distrito Federal) a 62,5% (Recife). Mais afetados pelo desemprego, sem condições para conciliar o trabalho com estudo, os jovens que conseguem uma colocação no mercado de trabalho também enfrentam altas jornadas de trabalho. Pelos dados informados pelo Dieese, Recife apresentou em 2005 a maior jornada média semanal, de 44 horas - "no limite da jornada máxima legal no Brasil", frisou o Dieese. Em Salvador, foram 40 horas, contra 41 horas em São Paulo e no Distrito Federal. O rendimento recebido por esses jovens oscila entre um e dois salários mínimos, podendo variar até 80,2% dependendo da cidade escolhida. Em Recife, a renda média mensal não passou de R$ 318, contra R$ 573 em Brasília. O Dieese observa que a renda dos jovens ocupados é maior entre as famílias com melhor situação financeira - "resultado da melhor preparação para o mercado de trabalho".

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