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Política - Nacional

Lista fechada é a solução?


Hilda Badenes - Luisa Valle (Agência O Globo) RIO - Os recentes escândalos que abalaram a imagem do Congresso Nacional levam para o centro do debate a necessidade de mudar as regras do jogo na política eleitoral. O sistema do voto em lista - já aprovado na CCJ e candidato a entrar no pacote da reforma política - surge como uma forma de fortalecer os partidos e reduzir a corrupção eleitoral. Mas a proposta, que acaba com o voto personalizado para deputados e vereadores, é para lá de polêmica. Para saber suas vantagens e desvantagens, O GLOBO ONLINE ouviu líderes partidários e cientistas políticos. Na opinião do líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), as listas - nas quais os candidatos aparecem pré-ordenados - vão obrigar os partidos a serem mais responsáveis e seletivos na hora de definir os nomes para a disputa. - Às vezes, os partidos colocam candidatos que eles sabem que têm popularidade em uma região, mas que são pouco confiáveis, só para conseguir votos. Dessa maneira, se botar um cara pouco confiável dentro da lista, o partido vai perder credibilidade - argumentou Fontana, lembrando que, apesar de ser a favor das listas fechadas, o PT ainda não tem uma posição fechada sobre o tema. Com algumas ressalvas, o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), também vê o voto em lista como uma boa proposta. Ele chama a atenção, no entanto, para o risco de se criar as chamadas "oligarquias partidárias". - Hoje, temos uma representação partidária muito frouxa. Por outro lado, caso não se amplie a democracia interna dos partidos, vamos ter verdadeiros imperadores de partidos políticos no Brasil - diz. Ao reforçar o poder dos caciques partidários, o voto em lista acaba abrindo espaço para a corrupção interna dos partidos, conforme alerta o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS). - Os presidentes dos partidos e os membros de diretórios eleitorais vão controlar as indicações para a lista. O eleitor perde a liberdade de escolher seu candidato. Isso pode fazer com que a corrupção eleitoral se desloque das ruas para dentro do partido. Quanto vai custar o primeiro lugar na lista? - indaga o analista, que apresenta algumas propostas para minimizar este risco, como a garantia por lei da eqüidade entre os filiados na disputa e critérios mais objetivos para definir os lugares na lista. Já Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio, não acredita que o novo sistema tenha condições de ser implantando na atual conjuntura do Congresso Nacional. Na opinião dele, o eleitor deixou de confiar nos partidos após os recentes escândalos de corrupção: - Imagina a cabeça do eleitor, pensando que quem vai escolher os candidatos que farão parte de lista dos partidos será o Roberto Jefferson, ou qualquer outro mensaleiro. O eleitor não confia nos partidos e já está querendo votar nulo. Nessa conjuntura atual é um desastre as listas fechadas, vai causar um desencanto ainda maior.

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