Segunda-feira, 12 de junho de 2017 - 08h45
Por Luis Felipe Miguel, em seu Facebook - O PSDB se reúne hoje e tudo indica que decidirá não decidir se fica ou sai do governo Temer. A não-decisão é, na verdade, uma decisão envergonhada de continuar por enquanto, à espera do "fato novo" que é como o "amanhã": quando ele chega, logo deixa de ser novo e é necessário aguardar o próximo.
O discurso oficial é que um rompimento comprometeria o apoio do PMDB ao candidato tucano nas eleições de 2018. Com seus presidenciáveis chegando à casa dos 0% das intenções de voto, não deve ser uma preocupação tão forte. Parece mais razoável julgar que o PSDB está vislumbrando a incrível possibilidade de que Temer se arraste no cargo até o fim do mandato de Dilma e quer manter sua suculenta cota de cargos e negócios.
É possível que o partido perca um contingente de deputados ao permanecer com Temer, gente tentando salvar seu futuro político. Li que uma fonte anônima do alto tucanato desdenhou o problema, dizendo que seriam no máximo dez deputados - mais de um quinto de uma bancada de 46.
Tendo perdido de vez a possibilidade de abraçar o discurso anticorrupção, como tentava fazer hipocritamente, resta ao PSDB competir com desvantagem no mesmo registro de Jair Bolsonaro. Sua última bala na agulha, João Doria, mostrou - como previsto - que não tem gás para chegar à disputa. O fracasso retumbante de sua administração na capital paulista é cada vez menos disfarçável.
No começo da crise, muito se falava no declínio inexorável do PT. O PT está bem machucado, é verdade, mas é implausível que se torne um ator político irrelevante em 2018. Já o PSDB está a perigo. É possível que ele só sobreviva nas regiões politicamente mais atrasadas, como São Paulo.
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