Segunda-feira, 16 de outubro de 2017 - 18h57
Da Rede Brasil Atual - Em reunião com militantes nesta segunda-feira (16), na cidade de Ferraz de Vasconcelos, região metropolitana de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que fará uma nova caravana a partir da próxima semana, desta vez pelo estado de Minas Gerais.
“Nós precisamos mostrar para o povo brasileiro o que está acontecendo nesse país. A gente tinha uma presidente eleita pelo voto popular, até que a Globo e outros veículos começaram a jogar a culpa de todas as desgraças na Dilma (Rousseff), prometeram que era só tirar o PT do governo e tudo melhorava, e o que aconteceu?”, questionou Lula, para logo em seguida enumerar os mais importantes retrocessos em curso no Brasil governado por Michel Temer. “Toda a vez que a gente lá de cima corta o orçamento, quem paga o pato não é a Fiesp, é o povo pobre desse país.”
Durante discurso de cerca de 20 minutos, Lula disse que o momento atual é de relembrar a história do país. Ao falar sobre a fome que sempre assolou a população mais pobre, o ex-presidente recordou a “ração” humana anunciada recentemente pelo prefeito João Doria (PSDB).
“Sinceramente, eu já vi muita coisa nesse país, mas um representante da elite pegar resto de comida e mandar fazer uma ração que não se dá nem pra cachorro, e acha que o pobre tem que comer aquilo, é não respeitar as pessoas mais humildes desse país”, afirmou.
Dizendo não estar em campanha e “ainda” não ser candidato, Lula revelou ficar preocupado, durante encontros com a população, em não conseguir dizer para as pessoas tudo o que foi feito nas cidades do país enquanto ele foi presidente da República. “As prefeituras tiveram um desenvolvimento como jamais tiveram antes. Pode perguntar pra qualquer prefeito de qualquer partido. Só quero que eles reconheçam que eu, como presidente, investi mais dinheiro até nos governadores do PSDB do que quando o presidente do país era do PSDB”.
Lula revelou ter orgulho de ter sido presidente numa época em que as pessoas começaram a sonhar grande, a viajar de avião, a morar melhor, a se alimentar melhor. “Esse povo sonhou que podia viver melhor”, disse ele, contrapondo com a situação dos dias atuais, agravada por medidas do governo Temer que apertam ainda mais a vida do trabalhador. “Quando a crise chega, a primeira coisa é cortar no consumo da casa, escolher uma carne mais barata, não viajar mais de avião, e é isso que eles estão fazendo com o povo desse país.”
Ao citar o desmonte das políticas públicas e as privatizações anunciadas ou em curso no governo Temer, o ex-presidente disse que “calaria a boca” se fosse em benefício da população, embora, afirmou, saiba que não é.
“Vão vender em benefício de quem? Se for para o povo pobre, eu me calo, mas não é. É em benefício dos ricos de sempre. Acabaram com os direitos trabalhistas que conquistamos em 1943. Falam que o ‘custo Brasil’ é muito alto, mas compara quanto ganha o trabalhador brasileiro com o americano ou alemão. Na verdade, o que eles querem é que trabalhador não tenha mais direito”, afirmou Lula, dizendo ter “pena” dos sindicalistas de hoje que terão que começar “praticamente tudo outra vez”, citando a venda do Pré-Sal, da Eletrobras e, talvez, da Caixa Econômica Federal e da Petrobras.
O ex-presidente observou ainda que todas as acusações envolvendo seu nome tem o intuito de impedir uma possível candidatura à presidência. “Criam uma situação para o Lula não voltar, porque caso volte, o pobre também vai voltar a ter vez. Se tem uma coisa que mostrei pra elite brasileira, é que ela não consegue fazer esse país dar certo se não incluir o pobre na economia.”
Por fim, conclamou a população a fazer a diferença nas próximas eleições: “Precisamos em 2018 dizer pra eles: vocês deram um golpe dizendo que iam arrumar o Brasil, pois bem, agora vamos eleger alguém que sabe de verdade o que fazer”.
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