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Lula é favorito em eleição marcada por questões éticas


Carmen Munari - Agência O Globo SÃO PAULO (Reuters) - A disputa presidencial em que a questão ética deu o tom será decidida neste domingo com a perspectiva de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder das pesquisas de intenção de voto. O resultado do segundo turno da corrida pelo Palácio do Planalto entre o petista e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) deve ser conhecido por volta das 22h, como prevê o Tribunal Superior Eleitoral. As recentes sondagens realizadas por institutos como Datafolha, Ibope e Vox Populi dão vantagem a Lula de 22 pontos percentuais. É a quinta disputa direta para presidente desde a redemocratização do país em 1985 e a segunda vez que, sob a regra da reeleição, um presidente poderá ser mantido no cargo, agora para o período 2007-2010. No primeiro turno, Lula liderou com folga as enquetes até pelo menos 15 dias antes das eleições, realizadas em 1o de outubro. Com o escândalo da tentativa de compra, por petistas, de um dossiê envolvendo políticos tucanos com a máfia dos sanguessugas, além da ausência de Lula em debates, o presidente viu sua vantagem sobre Alckmin diminuir, e a decisão foi para o segundo turno. Lula e Alckmin voltaram a caracterizar a polarização PT-PSDB presente nas eleições presidenciais desde 1994, quando Fernando Henrique Cardoso disputou pela primeira vez com o petista. Todo o processo eleitoral foi permeado pela repercussão das denúncias de corrupção que atingiram de frente o chefe do Executivo --em 2005, a crise do mensalão, e nas vésperas desta eleição, o caso do dossiê. Apesar do abalo em uma das principais bandeiras do PT, a defesa da ética, o presidente Lula apresenta a seu favor os bons indicadores da economia e a política social, representada pelo Bolsa Família, que transfere recursos a 11 milhões de famílias carentes. Alckmin, que governou São Paulo de 2001 a 2006, um Estado que tem o PSDB à frente desde 1995, travou forte disputa na legenda com José Serra pelo posto de candidato, o que o levou a ter de angariar apoio entre os derrotados. Em maio e junho, a candidatura do tucano foi atingida pela onda de violência da facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) e, desconhecido em boa parte do país, principalmente no Nordeste, teve que levar seu currículo e seus projetos a milhões de brasileiros. Na primeira etapa, o presidente Lula recebeu 48,61 por cento dos votos válidos (que excluem nulos e brancos), enquanto Alckmin ficou com 41,64 por cento. Para vencer, é preciso obter 50 por cento mais um voto. Os votos dados aos candidatos derrotados Heloísa Helena (PSOL, com 6,85 por cento) e Cristovam Buarque (PDT, 2,64 por cento) e outros quatro pretendentes serão disputados pelos dois adversários deste domingo. Dos 125,91 milhões de eleitores, compareceram à votação do primeiro turno 104,82 milhões, ou 83,25 por cento do total. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, espera uma redução no número das abstenções (16,75 por cento) por considerar que o eleitor está mais conscientizado. Ainda segundo o TSE, a maior concentração de eleitores está em São Paulo e Minas Gerais, com pouco mais de 41 milhões, cerca de um terço do total. Nos dois Estados, o resultado do primeiro turno mostrou preferência distinta entre os dois presidenciáveis. Em São Paulo, Alckmin recebeu o apoio de 54,2 por cento dos paulistas, enquanto Lula conseguiu 36,8 por cento. Já em Minas, Lula obteve 50,8 por cento e o tucano, 40,6 por cento. Na primeira eleição com regras mais rígidas para o controle de gastos com campanhas, os dois principais adversários comunicaram ao TSE que vão gastar até 210 milhões de reais, Lula com 115 milhões de reais e Alckmin com 95 milhões de reais. Em dez Estados, a disputa pelo governo também será decidida neste domingo (RS, PR, SC, GO, MA, PA, PB, PE, RJ, RN). Até sábado, o TSE havia aprovado o envio de tropas federais para reforçar a segurança das eleições em 124 municípios.

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