Quarta-feira, 4 de outubro de 2017 - 15h21
Durante a discussão do projeto que institui a Semana Nacional de Combate a Sexualização de Crianças e Adolescentes, o deputado federal Marcos Rogério (DEM-RO) criticou o uso da cultura como pano de fundo para a erotização infantil.
A proposta é analisada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados e institui que, entre os dias 25 de junho e 1 de julho, que compreenderá a Semana Nacional de Combate à Sexualização de Crianças e Adolescentes, sejam realizadas atividades que visem promover o combate a erotização infantil em todo o território nacional.
O deputado Marcos Rogério elogiou a proposta, apesar de identificar que o texto padece de injuridicidade, uma vez que não vincula o objetivo principal, que é a semana de conscientização, com as políticas públicas existentes.
“Apesar disso, o projeto é importante, oportuno e necessário. Temos que repensar as práticas que estão sendo usadas como pseudo-escudo da cultura. O projeto é meritório, mas padece de injuridicidade. Apesar disso, não vou me opor à sua aprovação”, disse.
O parlamentar também criticou o uso cultura como pano de fundo para a erotização infantil, relembrando fato que ocorreu na última semana no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), quando uma criança de quatro anos interagiu com um homem nu durante performance.
“Essa criança que tocou o peladão cultural, se no futuro estiver diante de um pedófilo de verdade, será que ela vai compreender que se encontra em um ambiente nocivo? Ou esse toque naturalizado no escudo da cultura afasta dela os estímulos naturais de defesa? Ou compreendemos a gravidade do que estamos vendo no Brasil, ou sofreremos as consequências no futuro”, alertou.
Segundo o parlamentar, que é especialista em Primeira Infância, os estímulos inadequados que as crianças recebem nos primeiros anos de vida podem refletir no caráter e no comportamento adulto desse individuo. “As vezes a gente quer corrigir os defeitos da vida lá na idade adulta, mas a gente não olha para onde começa o problema. As experiências moldam o cérebro, as compreensões, os temores, as defesas; naturalizar o toque em um homem pelado é a naturalização do próprio crime. Não é o caso de pedofilia, mas de apologia ao crime de pedofilia. Os estímulos positivos na idade certa determinam um adulto melhor, mais bem preparado para a vida. O contrário também. Os estímulos inadequados geram reflexos na vida adulta”, apontou.
Fonte: Ludmila Lucas T. Noronha
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