Terça-feira, 20 de junho de 2017 - 08h06
247 - A mulher do ex-governador do Rio Sergio Cabral, Adriana Ancelmo, que foi absolvida pelo juiz Sergio Moro, recebia mochilas com R$ 500 mil em espécie por semana.
Quem detalhou como funcionava o esquema do casal foi a gerente financeira do escritório de advocacia de Adriana, Michelle Tomaz Pinto, que durante anos trabalhou como secretária da ex-primeira-dama.
Em depoimento à Polícia Federal, ela contou que o dinheiro era entregue por Luiz Carlos Bezerra, um dos mais próximos assessores de Cabral e apanhador das propinas do governador.
Segundo a ex-secretária, o dinheiro muitas vezes era entregue à própria Adriana, ou ao seu sócio, Thiago Aragão, que guardava os valores em um cofre dentro do escritório. Os dois foram denunciados nesta segunda-feira 19 à Justiça pela compra de joias sem nota fiscal.
Leia mais na reportagem da Agência Brasil:
Sérgio Cabral e Adriana são denunciados à Justiça pela compra de joias sem nota
Douglas Corrêa - A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro denunciou hoje (19), pela 11ª vez, o ex-governador Sérgio Cabral à Justiça Federal. A denúncia envolve também a mulher dele, a advogada Adriana Ancelmo, além dos assessores Luiz Carlos Bezerra e Carlos Miranda, por lavagem de dinheiro cometida com a compra de joias em espécie, sem nota fiscal ou certificação nominal. O caso foi revelado após a celebração de acordo de colaboração premiada.
O casal comprava as joias e os dois assessores, que funcionavam como operadores financeiros, entregavam o dinheiro correspondente às peças vendidas pela joalheria H.Stern, sem a emissão de notas fiscais. As joias e pedras preciosas compradas são avaliadas em R$ 4,5 milhões.
A denúncia é assinada por nove procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro e aponta que a finalidade da organização criminosa era converter o dinheiro recebido a título de propina em ativo lícito, além de ocultar o real proprietário do bem.
"As aquisições eram feitas com o propósito indisfarçável de lavar o dinheiro sujo angariado pela organização criminosa, com pagamentos em espécie, por intermédio de terceiros, ou compensando valores de outras joias, sem emissão de notas fiscais e sem emissão de certificado nominal da joia", explicam os procuradores da República.
Denúncias
O "dinheiro sujo", apontado pelos procuradores, era oriundo de propinas pagas por empreiteiras entre 2007 e 2014, em contratos para obras do metrô, reforma do Estádio do Maracanã, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Favelas e do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. O crime de lavagem de dinheiro com a compra de joias já foi objeto de duas outras denúncias oferecidas em decorrência das operações Calicute e Eficiência, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro.
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