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Política - Nacional

No Chile, Lula lembra hidrelétrica de Balbina e defende cuidado ambiental


Agência O Globo SANTIAGO (Chile) - O maior problema para a construção de hidrelétricas no Brasil não é ambiental, mas " legal " , afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar as restrições ecológicas a grandes obras, como as usinas de geração planejadas para o rio Madeira. Lula disse acreditar que a maior dificuldade para as obras de geração no país está na falta de regras que disciplinem a competência das agências fiscalizadoras do meio ambiente nos governos federal, estadual e municipal nos licenciamentos. Ele lembrou que incluiu proposta de regulamentação dessa questão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). " É melhor demorar mais um pouco e fazer as coisas bem feitas do que fazer um monumento à insanidade como foi (a hidrelétrica paraense de ) Balbina " , comentou. " O mundo hoje exige de nós maior preocupação e responsabilidade ambiental " , disse, após reunião com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, com quem discutiu medidas para ampliar a integração energética entre os países da região. Lula defendeu obras de interligação das redes de transmissão sul-americanas, para permitir melhor aproveitamento dos regimes climáticos na região e permitir a troca de energia excedente. " Nesses quatro anos de mandato quero fazer tudo aquilo que fiquei frustrado por não fazer nos primeiros quatro anos " , afirmou o presidente. " Farei mais que fiz no primeiro mandato para consolidar a integração, prometeu à presidente Bachelet, com quem decidiu uma " coordenação mais estreita " para impulsionar a integração no continente, segundo anunciou. A soma do potencial hidrelétrico na América do Sul é equivalente à energia produzida por quase 1,4 trilhão de barris de petróleo, disse Lula. " Equivale às reservas de petróleo mundial, e é mais barato " , comparou o presidente. Mais tarde, em visita à FAO, o braço da Organização das Nações Unidas para alimentação, Lula preferiu ironizar quando lhe perguntaram se as restrições ambientais não poderiam inviabilizar as hidrelétricas do rio Madeira, projeto prioritário do governo. " E se o Corinthians for para a Copa do Mundo? " , gracejou. Segundo um assessor próximo do presidente, o governo espera que o Ibama reconheça que todas as obras têm custos para o meio ambiente, e leve em conta a importância de algumas opções energéticas, como as hidrelétricas prioritárias, na concessão das licenças ambientais. Nos pronunciamentos após o encontro com Bachelet, Lula fez questão de enfatizar o " exemplo " do Chile, reconhecidamente o país de maior sucesso econômico na região, com a maior abertura da economia ao exterior. Lula fez questão, porém, de afirmar que a aproximação entre os dois governos não deve ser entendida como um " contraponto " à atuação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na região. " É importante compreender o que era a Venezuela antes de Chávez e o que é depois " , defendeu Lula, lembrando os grandes investimentos entre os dois países. " O problema que temos não é Chávez, Michelle, Lula, Nicanor ou Evo Morales; é o de recuperar décadas em que os jovens nos nossos países foram submetidos à fome e à falta de educação " , disse. " Não acredito na existência do chavismo, mas de uma consciência sul-americana " , acrescentou. A aproximação dos dois países na área energética foi um dos principais desdobramentos do encontro entre Lula e Bachelet. A Petrobras e a estatal chilena Enap firmaram acordo de cooperação para exploração de reservas de gás e petróleo, projetos petroquímicos e biocombustível, que inclui o acompanhamento do programa chileno para combustível vegetal e apoio tecnológico brasileiro. Lula, nos discursos durante a visita ao Chile, defendeu o biocombustível (etanol e biodiesel), contra as críticas (levantadas por aliados como o boliviano Evo Morales e o cubano Fidel Castro) de que esses produtos ameaçam a produção mundial de alimentos. O biodiesel pode ser desenvolvido em acordo entre empresas como a Petrobras e a venezuelana PDVSA, e será uma alternativa de geração de emprego e renda para os países pobres da África, defendeu o presidente. Os dois governos assinaram nove acordos, também em áreas como atendimento previdenciário e educação - Lula defendeu que um próximo encontro de presidentes da América do Sul discuta e " conclua " uma proposta de criação de universidades da América latina, para alunos pobres do continente. Bachelet enfatizou a aliança política dos dois países nas instituições multilaterais, onde o Chile é um dos parceiros mais fiéis do Brasil, a quem apóia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e no pleito de um assento permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Lula aproveitou para criticar duramente os " países ricos " pelas barreiras aos produtos agrícolas dos países em desenvolvimento, e alertou: sem um acordo de liberalização de comércio na OMC, " os líderes políticos desse momento passarão para a história como líderes fracassados " . (Sergio Leo | Valor Econômico)

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