Segunda-feira, 24 de dezembro de 2018 - 09h14
Há quase meio século
que o Brasil figura entre as dez maiores potências econômicas do mundo. Chegou
a ser a sexta no início deste século desbancando países como a França, a Itália
e o Canadá. Tem as maiores extensões de terras agricultáveis do planeta e é o
segundo maior produtor de alimentos do mundo. Seus rebanhos figuram entre os
maiores, tem mais de 20 por cento de toda a água doce da terra e o seu vasto
território não é sacudido por terremotos, vulcões, nevascas ou outras
intempéries da natureza. Mas tem um problema que a maioria dos outros países do
mundo não tem: a desigualdade social. Uma das maiores que se produziu. Nossa
sociedade é conhecida no mundo inteiro como a “Casa Grande e Senzala” tão bem descrita no livro do sociólogo
Gilberto Freyre. Aqui, há muitos habitantes que nada têm e pouquíssimos muito
ricos.
Desde o longínquo ano de 1.500 quando Cabral aportou
nestas longes terras, que a desgraça da desigualdade nos acompanha. O Brasil
colônia iniciou o tormento que continuou no Império e permanece até hoje com a
República. Em plena era da globalização, entra governo e sai governo e a miséria
continua a atormentar uma das nações mais ricas da atualidade. Tudo neste país
é feito e concebido para que se continue com esta estrutura social draconiana.
São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, por exemplo, são Estados ricos enquanto
Rondônia, Acre, Piauí e Alagoas são Estados muito pobres. Em todas as cidades
do país percebe-se esta lastimável divisão dos que têm e dos que nada têm. No
Brasil, há bairros de pobres e de ricos, escolas para pobres e para ricos,
transportes, residências, centros de compra, hospitais, prisões e Justiça,
idem.
Mesmo tendo roubado e saqueado o Estado como ninguém, o
PT até que criou alguns programas para enfrentar este caos. Porém todos os seus
líderes se envolveram em roubalheiras, corrupções, maracutaias e saques. Governaram
apenas 13 anos e fizeram o que antes outros partidos também já haviam feito:
roubaram tudo, não resolveram o problema crônico da desigualdade social e de
quebra empobreceram ainda mais o Estado em detrimento dos mais ricos e
endinheirados. Bolsonaro, o “Mito” se
elegeu muito mais porque se disse fiscal de “cu alheio” e não por que iria acabar com a desigualdade que assola
o país. E todos os que foram eleitos nessa onda conservadora da extrema-direita
não mostraram na prática como enfrentar este gravíssimo problema. Fala-se até
que a nossa desigualdade social aumentará ainda mais com essa nova gente.
No Brasil não há
direita nem esquerda. Não há nenhuma ideologia para governar os miseráveis.
Nunca houve. Os políticos se unem e dividem toda a riqueza do país entre eles
mesmos e a elite que eles representam. São raros os que dão “uma penada” em benefício dos mais
necessitados. E quando isso acontece, o sujeito é simplesmente eliminado.
Dentro de um mesmo país sempre houve dois países bem distintos. Eis a nossa
cruel realidade. Para diminuir esta penúria, no entanto, seria preciso investir
em serviços públicos de qualidade como saúde, segurança, mobilidade,
infraestrutura e principalmente educação. E Jair Bolsonaro sabe disto. E o
coronel Marcos Rocha também. Todos os seus auxiliares certamente têm a exata
compreensão de toda esta problemática. E todos sabem como agir. Mas vão
resolver o problema ou vão apenas administrá-lo para que continue tudo do mesmo
jeito? Assim, jamais sairemos do caos.
*É
Professor em Porto Velho.
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