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Adriano Scopel foi preso no apartamento dele na Praia da Costa, em Vila Velha |
As duas aeronaves que foram apreendidas durante a operação Titanic, realizada nesta terça-feira (07) no Espírito Santo e em outros três Estado, custam mais de R$ 8 milhões cada. Uma delas entrou no país com valor declarado de R$ 3 milhões e a outra, por R$ 5 milhões. A ação terminou com a prisão de 23 pessoas, sendo 14 delas no Espírito Santo, por conta de importação subfaturada. Automóveis e mercadorias de alto luxo também estão na lista. Os produtos foram comprados por menos da metade do preço, segundo informações da Polícia Federal.
A duas aeronaves foram arrestadas pela Justiça como forma de garantir o pagamento do dinheiro sonegado pela quadrilha, que só em 2007 chegou a R$ 7 milhões. Segundo o delegado de Polícia Federal, Honazi de Paula Farias, a mercadoria chegava no país com preço até 40% mais baixo do que o praticado no mercado internacional.
“Eles faziam isso em um entrelaçamento de declarações de importação aqui no Brasil com preço abaixo, compatível com a declaração de exportação nos EUA ou no Canadá, também com preço abaixo do praticado por lá. Havia uma lesão ao fisco do Brasil e ao fisco dos EUA, principalmente no que diz respeito à parte aduaneira”, completa.
Foram presas 23 pessoas nesta segunda-feira (07). Dos 14 detidos, foram divulgados os nomes de 12 pessoas detidas no Espírito Santo:
- Adriano Mariano Scopel
- Aguilar de Jesus Bourguignon
- Rodolfo Bergo Legnaioli
- Maurenice Gonzaga de Oliveira
- Fernando Silva do Couto
- Aldeni Avelar Portela Silva
- Pedro Scopel
- Max Pimentel de Almeida Marçal
- Moacir Alves da Silva
- Alessandro Stockl
- Alberto Oliveira da Silva
- Fabiano Fonseca Furtado Mendonça
Outra seis detidas em Rondônia são:
- Edcarlos Tiburcio
- Ronaldo Benevídio dos Santos
- Rogério Moreira
- Alessandro Cassol Zabot
- Mario Calixto Filho
- Ivo Júnior Cassol
Os nomes dos três presos em São Paulo seguem abaixo:
- Eduardo Sayegh
- Jorge de Oliveira
- Orozimbo Antonio de Freitas
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A apreensão de uma lancha foi o estopim da investigação |
Max Marçal e Alberto da Silva, no Espírito Santo, e outra pessoa em Rondônia, eram auditores fiscais responsáveis pela liberação das mercadorias, segundo o delegado de Polícia Federal, Honazi de Paula Farias. “Até o presente momento nós temos indícios veementes da participação de funcionários públicos da Receita Federal, no que diz respeito ao desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas subfaturadas”.
As investigações partiram, segundo o delegado, da apreensão de uma lancha que era de Ruan Carlos Abadia que foi vendida pelo braço direito do megatraficante colombiano, o empresário Daniel Marostica, para Adriano Scopel. O empresário capixaba teria pago US$ 1,6 milhão pela embarcação de luxo.
“A compra da lancha do Abadia, por conta desse empresário capixaba, era mais um indício de que ele estaria envolvido em práticas delituosas no Estado. Foi, com certeza, por meio do revendedor da lancha do Abadia para o empresário capixaba que nós tivemos mais elementos, inclusive, como era a transação dele com as empresas sediadas nos EUA e no Canadá”.
O delegado revelou que o ex-superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Geraldo Guimarães, poderá ser ouvido na posição de investigado, já que o Ministério Público Federal, diante da denúncia de que havia vazado informações da operação, requisitou a instauração de inquérito policial.
“Se ele for ouvido, poderá estar na condição de investigado, tendo em vista que há uma denúncia que pesa contra ele. Todavia, o inquérito é para apurar e nós só poderemos saber se há responsabilidade do Superintendente ao final do inquérito e mesmo assim esperando o julgamento”
Corvette (à esquerda) e Lamborguini preto, apreendidos no ES na Operação Titanic,
foram importados com preço abaixo do mercado
O esquema, comandado pelo empresário Adriano Scopel, um dos presos na operação, tem ramificações em Rondônia. Nesse Estado, Scopel tinha benefícios referentes ao recolhimento de ICMS. O filho do governador de Rondônia, Ivo Júnior Cassol, 27 anos, e o sobrinho, Alessandro Cassol, foram detidos nesta manhã, acusados de facilitar o esquema de sonegação de impostos . Também foi detido em Rondônia o suplente de senador Mário Calixto (PR).
Dos 23 mandados de prisão expedidos pela Justiça, o único que falta ser cumprido pede a prisão do empresário capixaba Antonio Cláudio Diniz de Oliveira dos Santos, conhecido como Baducho. Ele está nos Estados Unidos e deve ser detido pelo FBI.
O advogado da família Scopel, Rodrigo Carlos Horta, não foi localizado até o fechamento dessa matéria para falar sobre a defesa dos acusados.
Forte:Jornal Gazeta - FERNANDA ZANDONADI

Terça-feira, 1 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)