Segunda-feira, 19 de novembro de 2018 - 19h51
O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende criar uma
Secretaria de Privatizações no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro
(PSL) para acelerar o programa de venda de ativos brasileiros como forma de
tentar melhorar a saúde fiscal do país, afirmou uma fonte com conhecimento do
assunto à Reuters nesta segunda-feira.
Preliminarmente, a nova estrutura deverá se chamar Secretaria de
Privatizações e Desinvestimento e será vinculada diretamente à superpasta da
Economia que Guedes vai comandar a partir de janeiro.
Desde a campanha eleitoral, o guru econômico de Bolsonaro tem
defendido a privatização de estatais e outros órgãos da burocracia como forma
de fazer caixa a fim de reduzir o endividamento público do país —ele chegou a
declarar, em entrevista, que há cerca de 1 trilhão de reais em ativos a ser
privatizados.
A intenção de se criar esse órgão, segundo a fonte, é colocar a
política de venda de ativos no centro das decisões do governo, sinalizando essa
ação como uma das prioridades da futura gestão. Essa fonte lembrou que ainda na
década de 1980, antes do Plano Cruzado, Paulo Guedes já fazia uma defesa
enfática da venda de ativos brasileiros para pagar a dívida do país, o que
ajudaria a derrubar os juros e fazer o Brasil ingressar em um ciclo de grandes
investimentos. "Ele enxerga mais longe que todos", disse a fonte, que
pediu anonimato.
Bolsonaro, por sua vez, tem dado respaldo ao plano de
privatizações de Guedes, seu "posto Ipiranga", mas sempre tem
demonstrado que haverá limites para o projeto. "Vai ser um grande plano de
privatização? Sim, vai ser, mas com muita responsabilidade", disse
Bolsonaro em uma transmissão de vídeo no mês passado, voltando a especificar
que não pensa em privatizar Furnas, subsidiária de geração controlada pela
Eletrobras.
A estrutura na burocracia federal que atualmente mais se
assemelha é a Secretaria Especial de Programa de Parcerias de Investimentos
(SPPI), órgão vinculado à Secretaria-Geral da Presidência que gerencia, além de
privatizações, concessões e parcerias-público privadas.
O PPI foi criado em 2016 por medida provisória no início do
governo do atual presidente Michel Temer para garantir a ampliação e o
fortalecimento da interação entre o Estado e a iniciativa privada para a
celebração de contratos de parceria para a execução de empreendimentos públicos
de infraestrutura e outras medidas de desestatização.
As privatizações ganharam impulso no país na década de 1990 com
o Programa Nacional de Desestatização (PND) do governo do então presidente
Fernando Collor de Mello.
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