Quarta-feira, 30 de agosto de 2006 - 14h41
Thais Leitão
Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dos trinta e dois presos pela Polícia Federal, na manhã de hoje (30), durante a Operação Euterpe, de combate a crimes ambientais, 25 são servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os outros sete são empresários dos ramos imobiliário, pesqueiro e da construção civil.
O Ibama está cortando a própria carne, como a Polícia Federal já teve que fazer também, mas é um processo para o bem das instituições públicas e do meio ambiente, afirmou a ministra Marina Silva, que foi ao Rio para acompanhar a operação, ao lado do presidente do Ibama, Marcus Barros. Segundo a ministra, a operação, batizada com o nome de uma espécie de palmito, foi a maior já realizada no país ligada a crimes ambientais fora da Amazônia.
Marina Silva destacou que servidores de outras regiões serão deslocados para o Rio de Janeiro, já que, dos 25 funcionários presos temporariamente, 13 são do município do Rio, o que representa cerca de 20% de efetivo local.
De acordo com o delegado Alexandre Saraiva, que comandou a operação, as investigações tiveram início em julho do ano passado, após a denúncia de um servidor recém-concursado do próprio órgão ambiental sobre extração irregular de palmito na reserva ambiental do Tinguá, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Saraiva explicou que a evolução das investigações indicou a existência de uma rede de corrupção envolvendo funcionários federais. Eles são acusados de extorquir dinheiro de empresários em troca de licenças e pareceres técnicos favoráveis à construção de empreendimentos localizados em áreas de proteção ambiental nos municípios de Angra dos Reis, no sul do estado, Cabo Frio, na Região dos Lagos, e área litorânea de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.
De acordo com o delegado, as investigações mostram também que os servidores atuariam recebendo propina para não autuar pescadores de sardinha que realizassem a atividade em período de procriação, proibido por lei.
Além dos mandados de prisão, os cerca de 200 agentes da Polícia Federal dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo também cumpriram 36 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal de São João de Meriti, no Rio de Janeiro.
A Euterpe é a 12ª operação realizada em parceria entre os ministérios do Meio Ambiente e da Justiça, através do Ibama e da Polícia Federal.
Segundo a Polícia Federal, os acusados poderão responder pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, corrupção ativa, violação de sigilo funcional e crimes ambientais.
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