Quarta-feira, 2 de maio de 2018 - 05h02
247 – O antigo Prédio da Polícia Federal no centro de São Paulo que pegou fogo e desabou na madrugada de ontem era habitado por famílias refugiadas de diversos países. O congolês Lusangu Kibanda teve que fugir do incêndio como fugiu da guerra em seu país. Kibanda deixou tudo para trás em um de seus raros momentos de descanso, pois a tragédia se deu no Dia do Trabalhador, momento em que muitos ali, sem hora certa para trabalhar, descansavam.
“Havia seis meses que o casal de imigrantes africanos e o menino brasileiro dividiam com outras duas famílias um dos apartamentos do edifício Wilton Paes de Almeida, invadido pelo Movimento Luta por Moradia Digna (LMD).
Antes disso, passaram seis meses vivendo em um abrigo para refugiados, mantido pelo governo do estado. Vencido o prazo para ficar por ali, partiram para uma ocupação na região da Luz. Nem bem moraram um mês, se mudaram para o "prédio de vidro", ao lado do largo do Paissandu, que abrigava um sem número de estrangeiros, refugiados e outro sem número de brasileiros, uma população flutuante, constantemente em mudança, como o próprio edifício.
Na ocupação, as condições eram precárias. Segundo o imigrante, as ligações à rede de eletricidade e as manutenções eram feitas por moradores, que cobravam de R$ 20 a R$ 30. "Era tudo muito precário. Nunca vi nada assim", afirma. Os elevadores não funcionavam, e era pelas escadas mesmo que os botijões de gás subiam para os apartamentos. "Não quero mais morar em conjunto, assim. Tem muita gente que não tem cabeça pra nada", diz o congolês, que há um bom tempo se acostumou à adversidade”.
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