Sexta-feira, 7 de dezembro de 2018 - 19h54
O presidente Michel Temer determinou a intervenção federal no estado de
Roraima, em virtude da crise na segurança pública e penitenciária no estado até
31 de dezembro. A decisão do presidente foi anunciada na noite de hoje (7), em
reunião com ministros no Palácio da Alvorada.
Agentes penitenciários do estado deixaram de trabalhar e policiais civis
deflagraram paralisação de 72 horas em razão de meses de salários atrasados. Os
policiais militares, que não podem fazer greve, receberam o apoio de suas
esposas, que bloquearam as entrada e saída de batalhões como forma de protesto.
Temer conversou com a governadora de Roraima, Suely Campos, e explicou
que a intervenção federal foi a única saída para o problema. “Eu há pouco falei
com a senhora governadora e disse que a única hipótese para solucionar essa
questão, especialmente aquela de natureza salarial, seria decretar a
intervenção até a posse do novo governador. Ela acha que de fato a situação
está se complicando e que a melhor solução seria essa. Com isso queremos
pacificar as questões de Roraima”, disse o presidente em breve pronunciamento.
A intervenção federal no estado já havia sido pedida pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) em virtude do risco de rebeliões em
unidades prisionais. Em seu pedido, a PGR descreveu situações, baseadas em
relatórios do Ministério Público, como falta de separação entre detentos de
regimes aberto, semiaberto e fechado, atraso no pagamento de salários de
agentes penitenciários, fornecimento de comida azeda e insuficiente aos presos
e falta de combustível para transportar os presos para audiências.
Temer recebeu os ministros do Gabinete de Segurança Institucional,
Sergio Etchegoyen; do Planejamento, Esteves Colnago; da Advocacia-Geral da
União, Grace Mendonça; e dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha; para tratar do
assunto. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também estava no
encontro.
O presidente disse ainda que convocará amanhã (8) o Conselho da
República e o Conselho de Defesa Nacional. O decreto de intervenção, segundo o
presidente, deverá vir em seguida. Com isso, o Brasil terá dois estados sob
intervenção federal. O outro é o Rio de Janeiro.
O Conselho de Defesa Nacional é um órgão de consulta do presidente da
República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
estado democrático. Já o Conselho da República delibera sobre intervenção
federal, estado de defesa, estado de sítio e questões relevantes para a
estabilidade das instituições democráticas.
Veja declaração do presidente Michel Temer:
Nós estivemos hoje reunidos, uma boa parte da equipe, como podem
perceber, com a presença do presidente da Câmara dos Deputados. Eu também
comuniquei ao senador Eunício, mas ele está no Ceará e fora de Fortaleza.
Mas nós debatemos hoje, durante umas três horas, mais ou menos, a
questão de Roraima, que está, na verdade, se agravando, de dois dias para cá. E
tentamos os mais variados meios, de maneira a que pudéssemos fornecer recursos
a Roraima, a fim de tentar inviabilizar esse movimento que lá está ocorrendo.
Não encontramos nenhuma saída legal para tanto. E daí porque eu, ainda
há pouco tempo atrás, falei com a senhora governadora e disse que a única
hipótese para solucionar esta questão, especialmente aquela de natureza
salarial, seria decretar a intervenção até a posse, naturalmente, do novo
governador. Ou seja, até 31 de dezembro. E fiz com a senhora governadora uma espécie
de intervenção negociada. Ela acedeu a esta fórmula, concordou com esta
fórmula. Acha que, de fato, a situação está se complicando no estado de Roraima
e que a melhor solução seria precisamente essa.
Com isso nós queremos, na verdade, pacificar as questões de Roraima. E
vejam que, sem embargo de tratar-se de uma intervenção já agora, no próprio
estado, mas é de comum acordo com a senhora governadora. Foi pelo menos o que
nós falamos ao telefone com ela. Não apenas eu, mas a senhora advogada-geral da
União.
De modo que é esta comunicação que eu quero fazer, espero que chegue a
Roraima, na convicção de que com esta intervenção, e logo mais eu consultarei,
para nomear o interventor. Eu espero que com isto o movimento se amaine, não é?
Fique mais, digamos, compreensivo, porque, afinal, especialmente as forças
militares, agentes penitenciários e todos aqueles que se dedicam à tarefa
pública, têm que pensar precisamente na população de Roraima.
Nós decidimos desta maneira. Amanhã já estamos convocando o Conselho da
República e o Conselho de Defesa Nacional para colocarmos esta questão.
Portanto, nós levaremos a este Conselho a decisão que aqui tomamos. E logo
depois, naturalmente, expediremos não só o decreto de intervenção, como outras
medidas, já acertei com o presidente Rodrigo Maia, outras medidas normativas
que sejam necessárias para complementar e para completar a intervenção federal
em Roraima.
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