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Política - Nacional

Principais trechos da entrevista de Geraldo Alckmin no 'Globo'


Rui Pizarro - O Globo RIO - O candidato a presidente pelo PSDB, Geraldo Alckmin, foi o terceiro a participar da série de entrevistas do jornal "O Globo". Alckmin foi sabatinada pelos colunistas do jornal em debate mediado pelo também colunista Ancelmo Gois. A seguir, os principais trechos da entrevista: Violência em São Paulo: "Estamos com os principais índices de criminalidade em queda em São Paulo. Tiramos das ruas 90 mil bandidos, criamos 75 penitenciárias, três de segurança máxima. Em todo lugar do mundo o crime organizado, quando é enfrentado, ele reage". Complô: "Querem (com os atos de violência em São Paulo) interferir no processo eleitoral; isso é óbvio. Apareceu eleição, a coisa recrudesce. Na Colômbia a política migrou para o crime, no Brasil o crime migra para a política. A gente começa a subir nas pesquisas e aparece um novo ataque. É uma enorme coincidência e de geração espontânea. Não querem que eu me eleja". Lula: "Meu adversário começou a atacar porque ele sabe que vai ter segundo turno. E o segundo turno é uma nova eleição. Ele terá grande dificuldade. Por isso, o esforço enorme de evitar o segundo turno. Ele foge de todo contraditório. Só gosta de monólogo. Gosta de falar e ser ouvido. Agora, no segundo turno será diferente. "Lula não gosta de governar. É preciso repetir o que Mário Covas fez em São Paulo e Aécio Neves em Minas Gerais: dar qualidade aos gastos e modernizar o estado. O PT está aparelhando o Estado brasileiro e, com a ideologia de tomar o poder, tornando-o ineficiente. o programa partidário do Lula é um engodo. "O programa do PT está fazendo uma invasão no horário eleitoral. O Lula faz campanha todos os dias. Isso é ilegal. Ele está perdendo tudo na Justiça e vai continuar perdendo. "O presidente Lula vive num mundo diferente das pessoas. Para Lula, a saúde no país beira a perfeição quando, na realidade, é um caos. Covas dizia: popularidade varia, mas quando a credibilidade é baixa, esse é o pior problema que se pode ter". Mensalão: "Na democracia, quem ganha governa e quem perde fiscaliza. O que o governo fez foi cooptar os mais fracos e desidratar os que tinham coluna vertebral. O mensalão é isso: cooptação de um poder pelo outro". Ética: "Como se vai eleger um governo que, do ponto de vista ético, teve uma lista telefônica de corrupção? Um governo que não funciona, com 34 ministérios, com dinheiro jogado fora? O país não cresce; está parado e andando de lado, enquanto o mundo está a 100 km por hora. Vai ter segundo turno e acho que nós ganhamos a eleição. Mario Covas diria: o povo não erra. Precisa ter as informações. Não é estático, tudo vai mudar. Esses números vão dançar". Campanha: "Campanha é convencimento, é trabalho. A TV e o rádio têm papel importante porque o Brasil é um país-continente. Mas também não é chegar e falar. É um processo. Por que as pessoas decidem votar em mim ou não? Empatia. Como se cria isso? Com os meios de comunicação. "Não tem eleição fácil; eu acredito no segundo turno. O eleitor tem muita sabedoria. Ele leva para o segundo turno para fazer o contraditório, ter certeza do voto. Começamos a crescer, o Lula também andou um pouco mais, mas não tenho dúvida: primeiro você ganha o voto do indeciso e depois toma o voto do adversário. "Em eleição não se obriga, se conquista. Não tenho essa preocupação. Acho que está indo bem (a campanha), eu nunca disputei uma eleição fora de São Paulo. Agora que as pessoas estão entrando no clima. A gente vai ganhando confiança. O eleitor é muito sábio, não tem mágica. É uma curva de crescimento que vai se acelerar ao final da eleição, e aí a química já começa a aparecer. "Sinto na rua que a nossa tarefa é transformar o desencanto em luta política. Olha, o Brasil pode melhorar. Isso é eleição, eleição é convencimento. As pessoas se impressionam com pesquisa um tempo antes, voto é em primeiro de outubro". Quedas nas pesquisas: "É preciso cautela com as pesquisas. As grandes viradas ocorrem no final. Se fizer pesquisa espontânea, 50% não têm candidato. Quando faz a estimulada, vale o nome mais lembrado. A população vai tendo mais interesse pelo processo eleitoral mais próximo da eleição". Lei de Execuções Penais: "A lei é muito dura com o pequenininho e fraquinha com o crime organizado. É preciso aperfeiçoar a lei, uma grande parte dos presos poderia estar fora, cumprindo pena alternativa. Vou mexer no Código Penal, a Lei do Colarinho Branco, a lavagem de dinheiro. Tudo isso é federal". José Serra: "Não me impus a ninguém. Disse que queria ser candidato, mas que apoiaria quem o partido escolhesse. Serra teria todo meu aplauso. Sou coerente; comigo não tem jogo escondido. Precisamos ter vida partidária dentro dos partidos. O Serra não perdeu em 2002 porque se impôs como candidato; perdeu porque o país não cresceu. "Serra é um grande companheiro, apoiei o Serra para a prefeitura e agora ele vai ser eleito governador. Vou apoiá-lo. O PSDB vai para 16 anos no governo de São Paulo. Não é uma coisa ocasional, a população reconhece o esforço". Infidelidade tucana: "Não existe traição (no caso do Ceará e de Pernambuco) e é normal cada um correr atrás do seu voto. Mas não vou ficar choramingando na campanha. Vou falar com o povo, a sociedade e a opinião pública. Mas é claro que se todo mundo ajudasse, iria andar mais depressa". Reforma política: "Você faz Constituinte quando o país precisa de um pacto. Mas que reforma política é essa? Não precisa de reforma política para colocar ladrão na cadeia. Solução é caráter, honradez, honestidade. Querer culpar o sistema é tapar os olhos com a peneira. Mas pode melhorar? Pode. Foi aprovada a cláusula de desempenho, que vai reduzir para cerca de seis partidos o número no Congresso. Eu aprovaria a fidelidade partidária e o voto distrital misto". Acordo PSDB-PT: "É impressionante a capacidade imaginatória. Questões de interesse do país nós votamos (juntos), não precisa ter nenhuma coalizão. Reforma da Previdência, demos os votos para aprovar. Até hoje o Lula não regulamentou". Educação e saúde: "Acredito em processo, não em coisa milagrosa, mágica. Vou fazer grande esforço, além da educação, óbvio, na questão da saúde. Entendo que podemos avançar muito, colocando para as pessoas atendidas pelo SUS a qualidade da saúde que a ciência avançou". Sistema de cotas raciais: "Sou favorável a ações afirmativas. Cota é um tipo de ação afirmativa. O que temos em São Paulo é a pontuação diferenciada: alunos de escola pública e afro-brasileiros têm pontuação a mais, o que não tira o mérito, mas dá um empurrão". Vestibular: "Vou trabalhar para acabar com o vestibular, é um absurdo; é uma decoreba. O correto é o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) ir avançando para acabar com essa historia de vestibular". Cultura: A atuação do ministro da Cultura, Gilberto Gil, embora tenha apreço por ele, foi mediana. A cultura precisa de verbas. Só com os gastos obrigatórios do Orçamento, já acabou o dinheiro. Por isso, só fazendo um ajuste fiscal. A saída é fazer o Brasil crescer. E já começa de cara com a qualidade do gasto. O que não é essencial vai cortando. Para assim priorizar os gastos". Cinema e teatro: "Vou ao cinema, pelo menos, uma vez por semana, com direito a pipoca e coca-cola, e dou preferência às produções nacionais. Já vi o "Alto da Compadecida", "Lisbela e o Prisioneiro", "Carandiru" e "Coronel e o Lobisomen". Ia bastante ao teatro. Agora com a campanha é difícil. A última peça que assisti foi "Visitando Mr. Green", de Paulo Autran". Política externa: - O PT fez uma política externa, partidarizada, que teve resultado zero. Tudo deu errado. O Conselho de Segurança da ONU, a diretoria da OMC, o Mercosul deu marcha ré e, ao invés de aumentar a competitividade, aumentou o protecionismo. Os Estados Unidos não têm nem mais interesse na Alca; perdemos espaço na América Latina e perdemos mercado nos Estados Unidos e com os vizinhos". Bolívia: "A posição do governo Lula na crise foi dúbia e submissa. Quem vai investir R$ 1 bilhão no Brasil? Rasga-se o contrato e fica por isso mesmo? Isso é insegurança jurídica". Petrobras: "Não vamos privatizar nada. A Petrobras, ao contrário, nos vamos prestigiar. Ela foi uma vítima da omissão do governo no caso da Bolívia. Aliás, depois da eleição, nós vamos ver para quanto vai o preço do gás". Transportes: "Se for eleito, vou usar uma parte do dinhero da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) para investir em transporte de auto-capacidade: metrô, trem e corredor de ônibus. Outra parte seria para abaixar a carga tributária em cima dos combustíves para os usuários de ônibus, o que vai diminuir o preço das passagens. Rio de Janeiro: "O que vale para o Brasil vale para todos os estados. Tem que investir no turismo, na indústria para gerar emprego e crescer a renda. Tem que se pensar na infra-estrutura, aplicar dinheiro para obras do metrô e investir na criação do arco rodoviário para se chegar ao porto de Sepetiba. Também é preciso pensar na infra-estrutura urbana para melhorar a moradia, recuperar a capacidade de investimento do governo e investir em saúde

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