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Política - Nacional

Privatização em São Paulo arrecadou R$ 77,5 bilhões desde governo Covas


Ricardo Galhardo - Agência O Globo SÃO PAULO - Desde 1995, no governo Mario Covas (PSDB), o Estado de São Paulo privatizou rodovias e empresas estatais, arrecadando R$ 77,5 bilhões. O dinheiro foi usado para o pagamento da dívida que, mesmo assim, cresceu 33% no período. Segundo o secretário de Planejamento de São Paulo, Fernando Braga, se as privatizações não tivessem sido feitas, a dívida do estado seria maior. Braga explica que o acordo de renegociação da dívida dos estados feito em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso, previa o pagamento de 20% do total da dívida: - O não pagamento dos 20% implicaria um aumento na taxa de juros pagos pelo estado. São Paulo foi o único que cumpriu a meta, graças ao Programa Estadual de Desestatização, PED (que era chefiado pelo então vice-governador Geraldo Alckmin. Em dezembro de 1994 (Covas assumiu em janeiro de 1995) a dívida de São Paulo era de R$ 105 bilhões. Em dezembro de 2005, chegou aos R$ 139,9 bilhões, ou seja, 33% a mais. - Aí entramos na questão das taxas de juros - disse Braga, ao justificar o aumento da dívida. Dinheiro serviu para pagar dívida No período, o governo paulista vendeu ou concedeu à iniciativa privada pelo menos duas dezenas de empresas e rodovias. Entre elas estão CPFL, Eletropaulo, Comgás, CESP Paranapanema, CESP Tietê e as rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Imigrantes, Anchieta, Raposo Tavares, Castelo Branco, entre outras. A Fepasa, o Ceagesp e o Banespa foram federalizados (este último sob protestos de Covas). E o estado vendeu parte das ações mas manteve o controle acionário da Sabesp. Recentemente, o governo paulista anunciou a intenção de privatizar a linha 4 do Metrô. Todos os R$ 77,5 bilhões arrecadados foram usados para cumprir a cláusula dos 20% na renegociação da dívida dos estados com a União. Alckmin continuou o processo em sua gestão no Palácio dos Bandeirantes, a partir de 2001, quando assumiu com a morte de Covas. A última empresa a ser vendida foi a CTEEP, responsável por parte da transmissão energética do estado. Duas semanas atrás, o governador Cláudio Lembo (PFL) sustou uma tentativa de venda de 20% das ações da Nossa Caixa pertencentes ao estado. O dinheiro seria usado para cobrir um rombo de R$ 1,2 bilhão no orçamento. - Venderam todo o patrimônio do estado com a desculpa de pagar dívidas, mas mesmo assim a dívida subiu 33%. E não conseguimos nem sequer instalar uma CPI para saber como foram feitas as privatizações - ataca o líder do PT na Assembléia Legislativa, Ênio Tatto. CESP ainda está no programa A única empresa ainda inscrita no programa é parte da CESP. - Tentamos vender uma vez mas não deu certo porque estávamos com problemas para encher o reservatório de Ilha Solteira - lembra Braga. Uma das principais queixas da população é referente à multiplicação dos pedágios, alguns com altos valores. Em uma viagem da capital até a divisa com Mato Grosso do Sul, por exemplo, existem 12 pedágios. Outra reclamação é o aumento das tarifas de gás e energia elétrica que, em alguns casos, tiveram os preços quadruplicados. A venda da Eletropaulo para a americana AES também apresentou problemas. Na época do apagão, a AES ameaçou não pagar o empréstimo de R$ 1,2 bilhão feito junto ao BNDES para a compra da Eletropaulo. - Quem controla as tarifas de energia é a Aneel. O governo do estado tem participação zero nisso. Essa questão da AES foi problema interno entre a empresa e o banco. Não temos nada a ver com isso - diz Braga. Segundo ele, as privatizações proporcionaram ainda altos investimentos privados no estado nas áreas de distribuição de gás e na malha rodoviária. Só nas estradas foram investidos R$ 4,3 bilhões. - O problema é que com isso o estado parou de investir nas estradas. As rodovias pedagiadas são uma maravilha, mas as que continuam sob responsabilidade do estado estão um caos, principalmente as vicinais - critica o adversário Tatto.

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