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Política - Nacional

Roseana Sarney e Jackson Lago disputam eleição voto a voto


Agência O Globo - Maurício Savarese SÃO LUÍS (Reuters) - Em uma eleição acirrada para o governo do Estado, as ruas de São Luís refletem a divisão do eleitorado registrada pela pesquisa Ibope na sexta-feira, com Roseana Sarney (PFL) e Jackson Lago (PDT) empatados com 50 por cento das intenções de voto válido. A eleição para o governo do Estado está sendo disputada voto a voto, com eleitores que escolheram Roseana no primeiro turno prometendo votar agora em Jackson e vice-versa. ``No primeiro turno eu votei em Jackson porque achei que ele não ia ganhar. Agora vou votar na Roseana porque minha principal cliente trabalha na Secretaria do Planejamento e perde o emprego se mudar o governo. Eu até quero que o Sarney não entre desta vez, mas tem de defender o trabalho, não é não?'', justificou à Reuters o taxista Cleber Floriano, de 43 anos, eleitor do presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eleitora do candidato tucano à Presidência Geraldo Alckmin e moradora do refinado bairro de Calhau, onde os Sarney têm residência, a funcionária pública Klaudilene Rocha, 39 anos, faz o movimento inverso. ``Votei na Roseana no primeiro turno porque queria resolver isso logo, achei que ela ia ganhar fácil. Mas agora que ela usou baixaria de novo e mudei'', afirmou. O que Klaudilene classifica de baixaria é uma denúncia transmitida na TV Mirante, dos Sarney, segundo a qual um deputado estadual ligado a Jackson teria comprado o apoio do vice-prefeito da cidade de Olinda Nova. O pedetista, que não foi ouvido pela TV Mirante, se disse vítima de uma armação dos ''donos de televisões, de rádios, de jornais'' da tradicional família. Governadora de 1995 a 2002 e filha do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), Roseana teve o presidente Lula como principal cabo eleitoral na última e mais tensa semana de campanha. O acirramento da disputa levou o pai dela a pedir a Lula que participasse de um comício da filha em Timon, a cerca de 400 quilômetros da capital, na divisa com o Piauí. Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Roseana pôde exibir imagens dela ao lado de Lula, apesar de o PFL estar formalmente engajado na campanha do presidenciável tucano, Geraldo Alckmin. Ela pode deixar o partido depois da eleição e negocia a filiação ao PMDB, partido de seu pai. Jackson, três vezes prefeito de São Luís, não contou desta vez como apoio declarado de Lula, como nas ocasiões em que o líder petista classificava a atual aliada como ``filha de dono de TV'', referindo-se à retransmissora da TV Globo no Maranhão, de propriedade da família Sarney. A candidatura dele, que obteve 34 por cento dos votos válidos no primeiro turno contra 47 por cento de Roseana, se beneficia do desgaste de 40 anos da dinastia política dos Sarney no Estado. Apesar de contar com o apoio de Alckmin, o pedetista espalhou vários cartazes nos quais aparece ao lado do presidente. Lula teve quase 70 por cento dos votos no primeiro turno diante de pouco mais de 20 por cento de Alckmin entre os mais de 3,9 milhões de eleitores no quarto maior colégio eleitoral do Nordeste, atrás de Bahia, Ceará e Pernambuco, representando 3,1 por cento dos votantes brasileiros. Roseana, cujo eleitorado se concentra no interior, usou imagens de Lula e fez referência a propostas conjuntas para melhorar o Estado, que tem os piores indicadores sociais do país. Apesar do acerto com o presidente, Roseana não conta com o apoio do PT local, defensor da candidatura de Jackson. ``O Sarney está usando do presidente Lula, assim como da sua popularidade, para pressionar prefeitos e lideranças políticas. Não dá para ficar ao lado disso'', afirmou o presidente do PT no Maranhão e deputado federal eleito, Domingos Dutra. A disputa pelo poder local está influenciando também a escolha do candidato à Presidência, afirmou o contador Germano Mascarenhas, de 47 anos, no centro da cidade. ``Aliou-se com Sarney, vou para o outro lado. Voto Alckmin em protesto contra esse homem que eu já vi aqui baixar o pau nesses caras que hoje ele apóia'', declarou. Já a caixa de supermercado Edilene de Souza, 23 anos, moradora do bairro carente Jordoa, ficou aliviada por ver Lula e Roseana no mesmo palanque. ``Vou votar mais tranquila agora porque sei que se o Lula ganhar, não vai atrapalhar a Roseana aqui. Como eles se dão bem, vai ser bom para o Maranhão também'', disse.

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