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Política - Nacional

Serra prega ruptura na 'pasmaceira' e abre oposição a Lula


Wagner Gomes, Agência O Globo SÃO PAULO - O governador de São Paulo, José Serra, fez no Palácio dos Bandeirantes seu primeiro discurso de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Num tom mais emocionado, durante transmissão de cargo no Palácio dos Bandeirantes, Serra usou boa parte de sua fala, de 30 minutos, para criticar a economia do país. E respondeu aos que, segundo ele, lhe perguntam desde que venceu o primeiro turno das eleições em São Paulo sobre como serão as relações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: - Seremos oposição no plano federal justamente porque não somos iguais - disse Serra, acrescentando que vai procurar ter com Lula 'as melhores relações institucionais possíveis'. E desejou boa sorte a Lula. - A boa sorte do presidente da República significa boa sorte do nosso povo. Como é evidente à oposição, cabe se opor. Não a tudo e a todos, mas ao que a seu juízo atende contra o espírito das leis - disse Serra, acrescentando que não será adepto do 'quanto pior melhor', e que saberá separar o que beneficia o país e o que o atrasa. Serra afirmou que a política da 'pasmaceira' em relação à economia tem consagrado a mais perversa tendência, depois de 'um século de prosperidade'. Segundo ele, a semi-estagnação já se prolonga por 25 anos. - Antes de ontem, ela poderia ser explicada pela superinflação devastadora. Ontem, pela terapia antiinflacionária e conjunturas externas turbulentas. Hoje, quando o Brasil é praticamente o último da América Latina e dos emergentes e o céu da economia internacional é de brigadeiro de seis estrelas, os resultados ruins não são colhidos da árvore da vida, da fatalidade, mas da fragilidade da política macroeconômica hostil à produção e aos investimentos - disse. Segundo Serra, essa fatalidade conta a 'história de um erro, quando não de uma covardia'. O novo governador afirmou que entre a estagnação e a estabilidade, o Brasil 'parece ter preferido as duas'. Para ele, é vital para o Brasil e para São Paulo a ruptura deste ciclo. - Um país que não cresce acaba não distribuindo renda, mas equalizando a pobreza. E a economia da pobreza não pode ter como base a pobreza da economia - disse Serra. Para o novo governador de São Paulo, a falta de desenvolvimento pune os mais necessitados e os torna clientela 'cativa do assistencialismo'. Serra disse que a assistência social é necessária, mas é preciso dar emprego e renda para as famílias para que a emancipação seja verdadeira. Isso só é possível com crescimento econômico, afirmou. - Ao contrário, o vertiginoso aumento das remessas de lucro das empresas estrangeiras aqui instaladas e dos investimentos de empresas nacionais no exterior, recursos que se vão para a criação de empregos lá fora, mostra que não há falta de poupança ao Brasil para aumentar capacidade produtiva e empregos - disse. O governador afirmou que faltam oportunidades lucrativas de investimento, que são 'espantadas' pela pior combinação de juro e câmbio do mundo, em meio a uma carga tributária 'sufocante'. Serra prometeu ser 'militante incansável' da Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. - Por que insisto tanto na questão do crescimento se as políticas macroeconômicas não são de responsabilidade do governo do estado? Ele mesmo respondeu: - Porque a estagnação tira postos de trabalho, arrecadação, escolas, saúde e segurança.

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