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Sucessão de erros deve ter causado acidente, dizem especialistas


Agência O Globo RIO - Especialistas em aviação são unânimes em afirmar: um acidente dificilmente acontece por causa de um único erro, de uma única falha. Para que dois aviões modernos se choquem em pleno vôo é preciso que ocorra uma sucessão de erros. O Fantástico entrevistou duas autoridades para descobrir o que pode ter acontecido no caso do vôo 1907 da Gol. Milton Zuanazzi, diretor-presidente da Anac - a Agência Nacional de Aviação Civil, órgão responsável pela fiscalização do espaço aéreo brasileiro. E o comandante João Luís Guimarães, que foi chefe do antigo DAC - o Departamento de Aviação Civil. Foi ele o responsável pelas investigações do acidente com o Fokker 100 da TAM, que caiu em São Paulo, em 1996. Primeira pergunta: os pilotos do Legacy afirmaram no depoimento à polícia que o plano de vôo permitia que eles seguissem caminho a 37 mil pés, a mesma altitude do Boeing da Gol. Aviões que voam nessa área de Sul para Norte, caso do Legacy, só podem voar a altitudes pares, como 36 mil pés ou 38 mil pés. É possível que eles tenham recebido um plano de vôo errado? - Não, isso não. Um plano de vôo, quando autorizado pelo nosso sistema, ele é o plano de vôo daquela aeronave. É praticamente impossível ele receber um plano de vôo errado. Aquilo é controlado pelo computador e quando o computador determina o seu plano de vôo ele está estabelecido e é ele que tem que seguir em caso de falha de comunicação - diz Milton Zuanazzi. - Não, porque se o plano fosse aprovado errado, na hora em que você preenche o plano, quem recebe o plano verifica todos os pontos. E são pessoas muito experientes - diz João Luís Guimarães. Até agora, não foi divulgada uma cópia do plano de vôo que os pilotos americanos tinham em mãos e disseram ter sido preparado pela Embraer. Para a Anac, esse é um dado que precisa ser investigado. - Agora, por que ele estava a 37 mil pés, e se isso está coordenado com o seu plano de vôo, é o que a investigação vai ter que resolver - diz Zuanazzi. Segunda pergunta: será que houve falha de comunicação? Fontes da Aeronáutica afirmam que a caixa preta do Legacy acusa sete tentativas de contato das torres de Brasília e Manaus com o jato. Nos depoimentos, os pilotos americanos disseram que perderam contato com os controladores depois que passaram por Brasília. Para o ex-chefe do DAC, falhas de comunicação são possíveis. - À tardezinha, no pôr do sol, normalmente a gente tem mais dificuldade em transmitir por causa dos raios do sol. São interferências eletromagnéticas - diz João Luís Guimarães. O acidente aconteceu exatamente no fim da tarde. O diretor da Anac diz que possíveis interferências no sistema de rádio nada têm a ver com algo que foi levantado durante a semana, de que o controle de tráfego aéreo do Brasil teria zonas de sombra. - Questões de rádio são outras coisas. Você, às vezes, não está dentro da freqüência ou não encontra a freqüência devida. Então, às vezes não tem a comunicação de rádio. Mas não tem nada a ver com a cobertura do radar. A cobertura do radar, o radar brasileiro cobre toda esta região como cobre todo o território nacional - diz Zambiazzi. Terceira pergunta: como foi que o comandante americano não conseguiu ver, à luz do dia, a aproximação do Boeing? Mais uma vez, a hora do acidente pode ter contribuído, além da cor do avião da Gol. - A aeronave toda branca também tem isso. Se fosse noturno, por exemplo, você teria visto de longe o farol rotativo, o bico - diz João Luís Guimarães. Quarta pergunta: as duas aeronaves contavam com sistemas anticolisão. Os pilotos americanos disseram no depoimento à polícia que o equipamento do Legacy não acusou qualquer risco. É possível que tenha havido falha do sistema? - Isto é uma resposta que a investigação tem que buscar - diz o diretor da Anac. Quinta pergunta: o comandante americano disse à polícia de Mato Grosso que tinha 20 horas de experiência em simulador de vôo de Legacy e cinco horas de pilotagem naquele tipo de avião. Esse treinamento era suficiente? Considerando-se um piloto com mais de 20 anos de profissão? O comandante João Luís acha que sim e também não vê qualquer motivo para que os americanos tenham feito manobras arriscadas, que não seriam permitidas pelos controladores de vôo. - É proibido se fazer qualquer tipo de manobra em aerovia. Depois, a 37 mil pés, aeronaves comerciais não podem fazer manobras, a aerodinâmica não permite porque elas estão muito próximas do teto de serviço do avião - diz João Luís Guimarães. Teto de serviço é a altitude máxima a que um avião pode voar. No caso do Legacy, 41 mil pés. Para as autoridades consultadas, as respostas definitivas só virão com as transcrições completas dos diálogos. - Os pilotos dentro da cabine se comunicam. E isso tudo fica gravado. Até uma conversa informal pode ser detectada. E também com a leitura dos instrumentos de bordo das duas aeronaves, como os transponders, que funcionam como radares. Só com a reconstituição, minuto a minuto de todos os diálogos em cruzamento com as informações técnicas, é que teremos as respostas - diz Zambiazzi. - A gente coloca isso minuto a minuto e aí você tem o mapa do que aconteceu com as comunicações e aí, como eu volto a dizer, piloto nenhum faz algum movimento que ponha em perigo a vida dele. O bem maior que a gente tem e a nossa vida - diz João Luís. A Embraer não quis se manifestar sobre os depoimentos dos pilotos americanos.

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