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Política - Nacional

Suframa completa 42 anos e não atenta para vocação florestal da Amazônia


 

* Ecio Rodrigues

A Superintendência da Zona Franca de Manaus, Suframa, esta comemorando seus 42 anos de atuação na Amazônia ocidental. Uma data que merece, sem dúvida, comemorações, diante da sua importância para o desenvolvimento na Amazônia.

Criada ainda na década de 1970 a Suframa tem por missão a elevação do IDH regional por meio da realização de investimentos em infra-estrutura e de apoio direto ao setor produtivo para que, com a instalação e consolidação de empresas, seja possível a criação de empregos e a geração de renda.

Tendo como principal referencia o Pólo Industrial de Manaus, a conhecida Zona Franca, a instituição atua no sentido de ampliar a competitividade das empresas ali instaladas, melhorando sua performance na fabricação, sobretudo, de artigos elétricos e eletrônicos e, mais recentemente, de veículos motorizados de duas rodas.

A suframa também é uma das instituições de peso quando o assunto é pavimentação de rodovias. Poucos se dão conta, mas o investimento da Suframa em projetos de infra-estrutura, que são apresentados e negociados pelos Estados é expressivo. A demanda por obras que apoiarão a produção e o escoamento de bens e serviços são atendidas pela instituição.

Todos, sem exceção, os Estados beneficiários, que são aqueles localizados na área de influência da Suframa (Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima), receberam apoio expressivo para consolidação de uma estrutura de apoio adequada para o setor produtivo. Da pavimentação das rodovias à estruturação de órgãos públicos não se pode negar a importante participação da Suframa.

O modelo Zona Franca, do qual a Suframa é oriunda, tem o mérito de conseguir criar e manter, em plena floresta tropical amazônica, e sem acesso rodoviário uma metrópole que chega aos 2 milhões de habitantes. Como já dito por vários estudiosos, Manaus é uma cidade sobre as águas que depende dos Rios Negro, Solimões e Amazonas para sua existência.

O Conselho de Administração da Suframa, instância superior para deliberação e aprovação de projetos, em cada uma de suas mais de 200 reuniões já realizadas, avalia montantes de investimentos superiores a 2 bilhões de dólares.

Todavia, o expressivo sucesso da instituição na promoção do desenvolvimento apresenta lacunas significativas quando se analisa a vocação produtiva regional. Estudos, inclusive alguns contratados pela própria Suframa, dão conta de que o potencial para geração de riqueza na Amazônia se encontra no aproveitamento de sua elevada diversidade biológica.

É no ecossistema florestal que esta o diferencial produtivo que poderá, em longo prazo, criar e manter uma riqueza regional promissora. E nesse quesito a Suframa tem encontrado extrema dificuldade para atuar.

Afora alguns investimentos, tímidos até, na indústria madeireira para oferta de produtos de pouco valor agregado, como madeira serrada, o setor florestal está longe de representar alguma prioridade para a instituição.

Um exemplo típico é o do Centro de Biotecnologia da Amazônia, CBA. Criado ainda em 1996, o CBA foi esperado como a principal alternativa para geração de emprego e renda por meio da biodiversidade. Os otimistas achavam que a indústria da biodiversidade poderia empregar mais trabalhadores que o Pólo Industrial.

Infelizmente, com a costumeira dificuldade de gerenciamento do Ministério do Meio Ambiente, ao qual o CBA esta vinculado, e a falta de prioridade da Suframa o CBA ainda se perde na discussão de seu modelo de gestão.
 
* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).
  

 

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